Seis meses após ter rebentado o escândalo da manipulação de emissões no grupo Volkswagen, tribunal alemão rejeitou pedido de cliente para devolver automóvel. Acionistas fizeram pedido de indemnização.

Um tribunal alemão, de primeira instância, rejeitou na quarta-feira um dos muitos pedidos de clientes para devolver a viatura, sentenciando que a reparação implica um custo inferior a 1% do preço de compra, o que “não justifica a devolução nem a anulação do contrato de venda”.

Além de ações individuais de clientes, a Volkswagen enfrenta um processo de 3,3 mil milhões de euros, movido por 278 acionistas por ter levado demasiado tempo a fornecer informações sobre o escândalo das emissões nos motores a gasóleo, segundo noticiou a agência de informação financeira Bloomberg.

Há ainda a queixa das autoridades norte-americanas que acusam a Volkswagen de danos ao meio ambiente pela alteração de emissões de quase 600.000 veículos para evitar o controlo de emissões poluentes.

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Apesar de estar envolvido na maior fraude da indústria automobilística mundial, o grupo Volkswagen mantém-se na liderança das vendas de automóveis ligeiros de passageiros novos na União Europeia, embora o seu ritmo de crescimento esteja a ser mais lento do que o de outros grupos automóveis.

Segundo os últimos dados disponíveis, de fevereiro, o grupo Volkswagen cresceu 8%, mas perdeu quota de mercado face ao mês homólogo (23,9% contra 25,3%) para um total de 252.629 veículos vendidos em fevereiro, que compara com 233.812 em fevereiro de 2014.

O grupo alemão, dono das marcas Volkswagen, Audi, Seat, Sköda, entre outras, terá que chamar às oficinas cerca de 11 milhões de carros afetados pelo escândalo das emissões fraudulentas, dos quais oito milhões na Europa, uma operação para a qual a empresa já fez uma provisão de 6,5 mil milhões de euros.

A preocupação de Matthias Müller – o novo presidente executivo da Volkswagen, após a demissão de Martin Winterkorn, no final de setembro – é de que rapidamente a opinião pública esqueça o escândalo em que o grupo alemão foi envolvido.

Quando assumiu o cargo, Mathias Müller anunciou logo um recuo do investimento mundial até 2020 do grupo em relação ao programado, numa poupança de mil milhões de euros por ano, sendo que o compromisso do seu antecessor era de investir 86 mil milhões de euros em várias geografias do planeta.

Em Portugal, os veículos afetados pela fraude cometida pelo grupo Volkswagen são 125.491, segundo o relatório preliminar apresentado pelo grupo de trabalho criado pelo anterior governo de Pedro Passos Coelho.