Que o milionário nova-iorquino Donald Trump quer ser Presidente dos EUA já todos sabemos. Mas o que se torna cada vez mais evidente é que, para conseguir chegar à Casa Branca, Trump terá de tratar de dois problemas. Primeiro, a falta de apoio que recebe junto das minorias étnicas, como escrevemos aqui. Depois, a fraca popularidade que Trump parece ter junto do eleitorado feminino.

De acordo com sondagens feitas na segunda quinzena de março, há uma expressiva maioria de mulheres que fazem uma avaliação negativa de Trump. Numa sondagem da Fox News, 67% de mulheres disseram desfavorável de Trump — coincidentemente, a Quinnipiac University também registou esse número noutro estudo. E estes são os mais simpáticos para Trump em matéria de mulheres. Depois, é sempre pior. A NBC fixou a percentagem em 70% e a CNN registou 74% de mulheres que, provavelmente, nunca irão votar em Trump.

“Estes números são incrivelmente desfavoráveis. Seria muito difícil para Donald Trump ganhar as eleições com este tipo de números”, disse Tim Mallow, da equipa de sondagens da Quinnipiac University, ao site norte-americano Politico. “Historicamente, não consigo imaginar ninguém com piores números junto das mulheres. Mas, historicamente, nunca tinha havido ninguém como Donald Trump.”

Democratic presidential candidate and former Secretary of State Hillary Clinton testifies before the House Select Committee on Benghazi October 22, 2015 on Capitol Hill in Washington, DC. The committee held a hearing to continue its investigation on the attack that killed Ambassador Chris Stevens and three other Americans at theÊdiplomatic compound in Benghazi, Libya,Êon the evening of September 11, 2012.

As sondagens apontam que Hillary Clinton venceria Donald Trump com grande margem no que diz respeito ao voto feminino

Quando comparado com Hillary Clinton, cuja vantagem nas primárias do Partido Democrata a torna mais próxima de se tornar na primeira mulher a chegar à presidência dos EUA, Trump perde em toda a linha

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Na mesma sondagem da Fox News apresentada uns parágrafos acima, é colocado o cenário hipotético de umas eleições entre Clinton e Trump. Nesse caso, Clinton recebe 53% de preferências entre mulheres, contra apenas 34% de Trump — com os homens a dividirem o voto entre os dois, com 43% para cada lado. Na sondagem da Quinnipiac University, Clinton vence com 51% e Trump perde com 35% — por outro lado o republicano vence entre homens, embora marginalmente, com 44% para Trump e 41% para Clinton.

Isto é, se as eleições acontecessem agora, Hillary Clinton pode ter entre mais 16% e 19% de votos do que Donald Trump junto do eleitorado feminino — consideravelmente mais do que os 11% que chegaram a Obama em 2012.

Em 2012, o voto feminino foi crucial para a reeleição de Obama

Menosprezar o voto feminino pode ser um erro fatal para Trump caso este venha a ser o candidato dos republicanos nas eleições presidenciais de 8 de novembro. Isto porque as mulheres representavam 53% do eleitorado, número que se deve manter em 2016.

Em 2012, o voto feminino pode ter sido crucial para a vitória de Obama, que teve mais 11% de mulheres a votarem nele do que Romney. Por outro lado, Romney foi o mais escolhido entre homens — mas a vantagem foi menor, de 7%, e, como já foi referido, o eleitorado masculino não é tão amplo quanto o feminino.

Esta é uma tendência que está longe de ter começado com as recentes declarações de Trump, que foi criticado da esquerda à direita por ter defendido — e pouco depois voltado atrás — que as mulheres que fizerem abortos devem passar a sofrer “algum tipo de punição”. Há mais exemplos, daquilo que é uma lista exaustiva. Um deles passou-se depois de a jornalista da Fox News Megyn Kelly lhe ter feito uma pergunta assertiva sobre os vários insultos que já dirigiu a mulheres. Já depois do debate, sugeriu que a jornalista só falou naquele tom por estar menstruada. “Dava para ver que ela tinha sangue a sair dos olhos, sangue a sair da sua não-sei-quê”, disse à CNN. E ainda recentemente retweetou uma fotografia onde comparava a sua mulher, a ex-modelo eslovena Melania Trump, e a mulher do candidato Ted Cruz, Heidi Cruz, com base apenas nas suas aparências físicas.