O objetivo da célula terrorista que levou a cabo os atentados em Bruxelas era na verdade de atacar mais uma vez em território francês, acabando por decidir à pressa atacar o aeroporto e o metro da capital belga, avançou este domingo o Ministério Público belga.

“O Ministério Público confirma a existência de numerosos elementos da investigação que mostram que o grupo terrorista planeava inicialmente atacar em França novamente”, explicaram as autoridades belgas em comunicado.

Os terroristas terão mudado o seu alvo de França para a Bélgica, segundo as autoridades, porque foram “surpreendidos pela rapidez dos progressos da investigação em curso”.

As autoridades belgas e francesas prenderam Salah Abdeslam em Bruxelas a 18 de março. Os ataques ao aeroporto e ao metro de Bruxelas aconteceram apenas quatro dias depois. No ataque, três bombistas suicidas – dois no aeroporto e um no metro – fizeram-se explodir e provocaram a morte a mais 32 pessoas.

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Este comunicado surge um dia após o Ministério Público belga ter acusado Mohamed Abrini de participação em atividades de um grupo terrorista e de homicídio pela sua participação nos atentados de 13 de novembro em Paris. Hoje, o Ministério Público acusou Mogamed Abrini dos mesmos crimes, mas relacionados com os atentados de Bruxelas.

Este belga-marroquino terá confessado ser o terceiro homem captado pelas imagens de videovigilância no aeroporto de Bruxelas, conhecido vulgarmente por ‘homem do chapéu’, algo que as autoridades dizem que até esta altura ainda não é possível confirmar.

“É mais uma prova das ameaças elevadas que pesam sobre a Europa e, claro, sobre a França”

O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, considerou hoje que os novos ataques que a célula terrorista de Bruxelas projetava realizar em Paris constituem “a prova das ameaças elevadas que pesam sobre a França”.

“É mais uma prova das ameaças elevadas que pesam sobre a Europa e, claro, sobre a França em particular”, declarou Valls numa conferência de imprensa em Argel.

“Não abrandaremos a nossa vigilância”, assegurou, adiantando que a investigação em curso “avança em perfeita coordenação (…) com a justiça francesa” e permitirá saber mais informações.

De acordo com as primeiras revelações do inquérito, a célula terrorista de Bruxelas tinha a intenção de atacar novamente em Paris, mas, sentindo-se perseguida, decidiu precipitadamente agir na capital belga.

As informações surgiram após a polícia belga ter conseguido na sexta-feira avanços significativos no inquérito sobre os atentados de Bruxelas e de Paris, detendo um dos suspeitos chave, Mohamed Abrini, e cinco outras pessoas. Quatro destes suspeitos já foram acusados pela procuradoria federal belga.

Mohamed Abrini, conhecido como “o homem do chapéu”, foi acusado de “participação em atividades de um grupo terrorista e de assassínios terroristas”, Osama K. foi acusado de “assassinatos terroristas”, enquanto Hervé B.M. e Bilal E.M. vão responder por “participação em atividades de um grupo terrorista e cumplicidade em assassinatos terroristas”.