O governador do Banco Nacional de Angola (BNA) disse estar em curso a “reestruturação e consolidação de vários bancos angolanos”, salientando que a fusão entre Millennium e Banco Privado Atlântico marca o início da consolidação do setor.

Valter Filipe falava aos jornalistas, em Luanda, à margem da inauguração do primeiro balcão do Banco Millennium Angola (BMA), tendo admitido que a banca angolana sai “mais reforçada” com esta fusão.

O dia de hoje, sublinhou o governador do BNA, é um “marco importante”, com o início do processo de “consolidação do sistema financeiro angolano”: “Vem refletir o interesse de Angola em criar mais robustez no sistema financeiro e torná-lo num instrumento ao serviço da prosperidade das famílias angolanas e dos angolanos”.

Angola vive uma profunda crise económica e financeira decorrente da quebra, para metade, na cotação do petróleo no mercado internacional, com impacto também na atividade bancária.

“Nós, neste exato momento, estamos a trabalhar numa reestruturação do Banco Nacional de Angola e a trabalhar numa reestruturação e consolidação de vários bancos angolanos, porque entendemos que esta situação difícil que o país vive é uma grande oportunidade para fazer com que o sistema financeiro angolano seja o motor da economia e da prosperidade”, assumiu Valter Filipe.

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Sem adiantar mais pormenores, o governador do BNA admitiu apenas que as prioridades do banco central passam pela estabilidade financeira das instituições, por dar mais crédito à economia e por uma maior dinamização da economia nacional, através dos bancos comerciais.

Os lucros da banca angolana caíram 50% em 2014, influenciados pela situação no ex-Banco Espírito Santo Angola (BESA), segundo a análise que a consultora Deloitte apresentou em setembro passado em Luanda.

Angola contava em 2014 com 23 bancos e o resultado líquido do setor caiu para 45,4 mil milhões de kwanzas (238 milhões de euros), comparando com o ano anterior, devido ao ‘caso BESA’, que foi transformado em Banco Económico, após intervenção do BNA.

“Não considerado esse efeito [ex-BESA], os resultados líquidos do setor teriam registado um crescimento de 12%”, conclui a 10.ª edição do estudo “Banca em Análise”, que analisou dados do BNA, mas sublinhando não ter tido acesso a demonstrações financeiras de algumas instituições, nomeadamente do banco antes controlado pelo BES português, que então contava com um crédito malparado superior a três mil milhões de euros.

O estudo da Deloitte que o crédito líquido a clientes em Angola aumentou 8% face a 2013, ultrapassando, em valores agregados, os 2,930 biliões de kwanzas (15,3 mil milhões de euros).

Contudo, o crédito vencido também disparou, 11,2%, e ascende atualmente a 14,5% do total, equivalente por isso a mais de dois mil milhões de euros.

Em termos globais, o volume de ativos das instituições financeiras angolanas cresceu 7,26%, face ao ano anterior, para 7,129 biliões de kwanzas (37,2 mil milhões de euros).

Além dos 23 já em funcionamento, perspetiva-se a abertura de mais seis bancos em Angola.