O chefe de Estado interino brasileiro, Michel Temer, exonerou esta terça-feira o presidente da empresa estatal Empresa Brasil de Comunicação (EBC), que tinha sido nomeado há duas semanas pela Presidente com mandato suspenso, Dilma Rousseff.

A exoneração do jornalista Ricardo Pereira de Melo, que controlava a empresa responsável pela rádio e televisão públicas federais e da agência de notícias Agência Brasil, foi publicada na edição desta terça-feira do Diário Oficial da União. O nome do substituto de Ricardo Pereira de Melo ainda não foi avançado.

Segundo a imprensa local, ainda antes da votação do pedido de destituição que afastou temporariamente Dilma Rousseff da Presidência, a equipa de Michel Temer já avaliava mudanças na comunicação do governo, que poderiam incluir cortes de gastos na empresa, que conta com 2.300 funcionários.

O Conselho Curador da EBC emitiu no sábado uma nota dizendo que não há amparo legal para “substituições extemporâneas”, dado que o diretor-presidente teria mandato garantido por lei. Assim, o jornalista não poderia ser destituído por decreto presidencial.

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Os conselheiros da EBC argumentaram ainda que se trata de uma “empresa pública criada para desenvolver atividades de comunicação pública e, portanto, de caráter não mercadológico, político-partidário ou governamental”.

Segundo a imprensa local, porém, sindicalistas da EBC argumentaram que a Constituição estabelece a livre nomeação e exoneração para o cargo.

O Diário Oficial da União desta terça-feira inclui ainda outras exonerações, com as dos presidentes da Fundação Nacional de Artes e da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares e de vários titulares de secretarias executivas de alguns ministérios.

Michel Temer assumiu, quinta-feira, a Presidência, na sequência da aprovação do pedido de destituição de Dilma Rousseff, que irá a julgamento por um período máximo de 180 dias.

Dilma Rousseff foi temporariamente afastada do cargo por suspeitas de irregularidades orçamentais, com despesas não autorizadas, e só será afastada definitivamente se for condenada por uma maioria de dois terços dos senadores.