O pagamento dos salários em atraso na construtora Soares da Costa só será possível quando terminar a auditoria que foi pedida pelos três maiores credores da empresa, disse esta terça-feira à Lusa o representante dos trabalhadores.

José Martins, coordenador da Comissão de Trabalhadores da Soares da Costa, falou à Lusa depois de 130 trabalhadores terem invadido esta ter a sede da empresa de construção civil, em Lisboa, acabando uma delegação de 20 funcionários por ser recebida pela administração.

“A administração afirmou que existe uma auditora que está a inspecionar várias situações da empresa, tendo a auditoria sido pedida pelos três maiores credores da empresa, que são três entidades bancárias”, disse José Martins.

“A auditoria vai verificar se a empresa tem a viabilidade necessária e só no final da auditoria a administração poderá dar uma resposta às pretensões dos trabalhadores”, acrescentou.

Segundo o representante da comissão de trabalhadores, a maior parte dos funcionários da Soares da Costa em Portugal estão com salários em atraso há cinco meses, enquanto os trabalhadores da empresa que estão em Angola não recebem salário há oito meses.

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Esta terça-feira de manhã, várias dezenas de trabalhadores, a maioria do norte do país, concentraram-se junto do Ministério do Trabalho, em Lisboa, para protestar contra os salários em atraso em Portugal, Angola e Moçambique.

Depois decidiram deslocar-se à sede da empresa, para demonstrar a sua insatisfação e exigindo saber quando vão receber os salários em atraso.

Na conversa com a administração, cada trabalhador transmitiu a sua própria situação, que, segundo José Martins, “é dramática”, razão pela qual “no final deste mês tem de ficar tudo resolvido”.

“Não dá mais, os trabalhadores não aguentam mais”, enfatizou.

“Não demos qualquer prazo, o que dizemos é que temos de estar unidos e temos de voltar a falar sobre o que vamos fazer porque se conseguimos isto [ser recebidos pela administração] temos de conseguir mais. Dissemos que estamos no limite, temos de continuar a luta, têm de nos pagar, temos de agir e temos de decidir se vamos diligenciar novas formas de luta”, acrescentou José Martins.

Segundo o representante dos trabalhadores, a Soares da Costa tem um universo de 4.000 trabalhadores que estão sem receber.