Uma em cada quatro empresas estrangeiras manifestou a intenção de reforçar, no próximo ano, os investimentos no país, de acordo com o Attractiveness Survey elaborado pela consultora EY e que foi divulgado nesta quarta-feira. Lisboa e Porto encontram-se entre as cinco cidades do Sul da Europa mais atrativas para investir, refere o mesmo trabalho.

O estudo, baseado num inquérito a investidores que estão presentes no mercado nacional mas, também, a empresas que ainda não fazem negócios em território português, indica que o crescimento das intenções de investimento é mais forte junto daquelas entidades que já têm posições na economia. Neste segmento de investidores, quatro em cada dez planeiam concretizar projetos de expansão em Portugal, enquanto a relação baixa quando se trata de empresas sem presença no mercado nacional. Neste grupo, “apenas 4% planeiam investir durante o próximo ano”, refere a EY.

A informação divulgada pela consultora indica que, “quando questionados sobre a sua perspetiva quanto à evolução da atratividade” de Portugal “nos próximos três anos, 47% dos investidores inquiridos acreditam que vai melhorar”. O estudo assinala que este é “um valor que excede o resultado obtido nos outros países europeus em que foram realizados estudos semelhantes”, casos da Alemanha, com 46%, Reino Unido, com 36%, França, com 21% e Europa, como um todo, com 36%. “Apenas 9% da amostra tem uma perspetiva mais negativa, acreditando que a atratividade do país vai piorar”, acrescenta a EY.

A estagnação do crescimento e a incerteza quanto à evolução dos mercados estão a afetar as intenções de investimento a curto prazo na generalidade dos países europeus. Neste cenário, Portugal vai emergindo como a localização em quem mais investidores apresentam intenções de investir no curto prazo e em que há melhores expetativas quanto à evolução da atratividade nos próximos três anos”, afirma, em comunicado, Luís Florindo, coordenador do estudo em Portugal.

Infraestruturas, estabilidade social, qualificações e custo da mão-de-obra, os fatores de atratividade

O trabalho da EY identifica os fatores que, do ponto de vista dos inquiridos, justificam a atratividade de Portugal enquanto destino de novos investimentos. Para 75%, “as infraestruturas (de telecomunicações e logísticas e de transportes), a estabilidade do clima social e as qualificações e o custo da mão-de-obra” são características apelativas do mercado português. Dois terços acreditam, também, que há potencial para o aumento da produtividade, sinal de que existirão oportunidades de investimento.

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Nem tudo são rosas, de acordo com as conclusões deste trabalho. Entre os aspetos menos atrativos surge a “flexibilidade da legislação laboral”, mas 42% da amostra em que o inquérito se baseia considera que as normas que regulam o trabalho em Portugal são “muito” ou “bastante” atrativas, em comparação com um resultado de 48% para o conjunto da Europa. Depois das questões laborais, são os impostos que incidem sobre as empresas que recolhem o pior desempenho: “43% da amostra” considera este fator como “pouco ou nada atrativo”, um “valor igual aos que o consideram como muito ou bastante atrativo”. Em 2012, sublinha a EY, “a mesma pergunta indicava que apenas 31% da amostra considerava a carga fiscal como um fator atrativo, o que denota uma ligeira melhoria”.

“A Grande Lisboa e a região Norte continuam a ser as regiões consideradas mais atrativas pelos investidores”, ao recolherem dois terços da aprovação. “A perceção sobre a região Norte manteve-se inalterada face a 2015, com 26% dos investidores a considerarem que é a melhor localização para investir em Portugal”, afirma-se no estudo, enquanto a região da Grande Lisboa “voltou a subir nas preferências, sendo agora considerada como a melhor localização por 44% dos investidores”.

O inquérito deste ano tem uma novidade em relação a edições anteriores, já que o estudo “desafiou os investidores a identificarem as cidades europeias que consideram mais atrativas para investimento”. Neste capítulo, Lisboa ficou em terceiro lugar e o Porto conquistou a quinta posição entre as cidades do Sul da Europa. No conjunto do Velho Continente, “Lisboa foi considerada como a oitava cidade mais interessante para investir, com o Porto a surgir em 11º na perceção desta amostra, constituída em cerca de 50% por empresas que já têm presença em Portugal”.

As conclusões do trabalho da EY surgem num período em que o investimento direto estrangeiro regista números pouco animadores. Em 2015, referem dados das Nações Unidas, o investimento direto estrangeiro em Portugal caiu 1.583 milhões de dólares, para os 6.031 milhões de dólares, o terceiro valor mais baixo registado desde 2010. Em 2014, este investimento tinha-se fixado em 7.614 milhões de dólares. Desde o início da década, só em 2010 e em 2013 se registaram valores inferiores ao de 2015, revelou a ONU, citada pela Lusa.