Angola registou 73 novas situações suspeitas de febre-amarela na primeira semana de julho, mas os consecutivos indicadores semanais da Organização Mundial de Saúde (OMS) demonstram que a epidemia começa a apresentar um número decrescente de casos.

Segundo o mais recente relatório da OMS, que está a apoiar o combate à epidemia e a tentar travar o seu alastramento, foram contabilizados até 08 de julho 3.625 casos suspeitos de febre-amarela em Angola, contra os 3.552 contabilizados até ao final de junho.

Deste total, 876 foram laboratorialmente confirmados como casos de febre-amarela, refere o documento, com data de 15 de julho.

Desde 05 de dezembro há igualmente registo de 357 mortes atribuídas à epidemia de febre-amarela, mais dois casos no espaço de uma semana.

As autoridades de saúde da província de Luanda iniciam sexta-feira a última fase de vacinação contra a febre-amarela na capital angolana, que deverá chegar a mais 400.000 pessoas, permitindo atingir até 19 de julho uma cobertura quase total.

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Em declarações à agência Lusa, a diretora provincial de Saúde de Luanda, Rosa Bessa, explicou que a operação envolve no terreno 269 brigadas e 3.000 técnicos.

“A vacinação total nunca é possível, mas esperamos que seja bem próximo disso”, explicou a responsável, acrescentando que esta última campanha, denominada de “assalto final”, visa essencialmente vacinar quem ficou de fora das ações anteriores.

A província de Luanda conta com quase sete milhões de habitantes e desde fevereiro 92% da população já foi vacinada contra a doença.

De acordo com a OMS, Angola já recebeu cerca de 14 milhões de vacinas contra a febre-amarela e vacinou mais de 11 milhões de pessoas desde fevereiro, numa população-alvo estimada em 24 milhões.

Aquela organização das Nações Unidas assumiu a 19 de junho que a resposta à epidemia de febre-amarela em Angola, que se propaga desde dezembro, levou pela primeira vez à rutura das reservas mundiais de emergência da vacina.

O país regista casos suspeitos de febre-amarela em todas as 18 províncias, tendo sido realizadas campanhas de vacinação, além de Luanda, em Benguela, Huambo, Huíla, Cuanza Norte, Cuanza Sul, Lunda Norte e Uige. Segundo a OMS, a campanha de vacinação será alargada a outras zonas afetadas pela epidemia.

A doença já se propagou de Angola à vizinha República Democrática do Congo (RDCongo), que regista, segundo as últimas informações disponibilizadas à OMS, até 11 de julho, um total de 1.798 casos suspeitos e 85 vítimas mortais.

Também foram levados casos para o Quénia (dois) e a China (11), com a OMS a sinalizar a ameaça de propagação global da doença através de viajantes não imunizados contra a doença.

As campanhas de vacinação em Angola recorrem ao apoio dos militares e contam com ajuda financeira e técnica da OMS e da comunidade internacional, para a aquisição de vacinas, tendo arrancado em Luanda, foco da epidemia, nos primeiros dias de fevereiro.

A transmissão da doença é feita pela picada do mosquito (infetado) “aedes aegypti”, que segundo a OMS, no início desta epidemia, estava presente em algumas zonas de Viana, Luanda, em 100% das casas.

Trata-se do mesmo mosquito responsável pela transmissão da malária, a principal causa de morte em Angola, e que se reproduz em águas paradas e na concentração de lixo, dois problemas (época das chuvas e falta de limpeza de resíduos) que afetaram a capital angolana desde agosto passado.