O Banco Central Europeu (BCE) e o Banco de Portugal não compreendem as razões de um aumento de capital de cinco mil milhões na Caixa Geral de Depósitos (CGD). O valor da injeção de capital proposta por António Domingues, o futuro líder da Caixa, é considerado demasiado elevado e acima das necessidades reais do banco. A análise consta de um relatório da Joint Supervisory Team, uma equipa que junta peritos do BCE e especialistas do Banco de Portugal, a que o Expresso teve acesso.

A análise ao plano de reestruturação que consta deste documento é ainda preliminar, mas alinha já um conjunto de críticas. Além do montante total em causa, a equipa de peritos questiona o valor previsto para as dotações provisionais (2,8 mil milhões de euros). No entender dos especialistas, a Caixa compara bem com os concorrentes de mercado em muitos indicadores e as garantias que tem para cobrir os créditos concedidos são razoáveis.

Também o valor alocado à resolução de problemas com fundos imobiliários e reestruturação de empresas (600 milhões de euros) é considerado descabido. Segundo o Expresso, o documento é particularmente duro neste ponto, frisando que os cálculos foram feitos com base em valores do mercado espanhol e que o plano não passa de um powerpoint da McKinsey com informação pouco detalhada.

A própria estratégia de reestruturação da força de trabalho é vista como sendo irrealista. O plano da Caixa inclui 500 milhões de euros para reduzir o número de colaboradores em 31%, o equivalente a cerca de 2.600 pessoas a menos.

O número de administradores escolhidos por António Domingues para a sua equipa é considerado excessivo. Em vez dos 19, os peritos querem reduzir a equipa a 15 nomes. E não veem com bons olhos que muitos dos elementos venham da anterior equipa do BPI.

Apesar destas críticas, confrontado pelo Expresso, o Ministério das Finanças garantiu que “neste momento, as duas instituições reconhecem como credível o plano apresentado”.

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