A última abertura ao público deste ano das Galerias Romanas de Lisboa registou oito mil inscrições em apenas 10 minutos, mas só 3.800 pessoas garantiram a entrada no subsolo na zona da Rua da Prata entre sexta-feira e domingo.
Na véspera da segunda abertura anual do local, Lídia Fernandes, coordenadora do Museu de Lisboa — Teatro Romano, lembrou que as filas de espera de muitas horas foram substituídas por inscrições antecipadas e que se concentraram, desde abril, numa plataforma eletrónica.
Com a boa experiência de abril, os interessados “estavam alertados” para a data e hora das inscrições da segunda abertura e a partir das 18h00 de 12 de setembro “houve um ‘boom’ de cliques”, com “oito mil pessoas a tentarem aceder em simultâneo à plataforma”, relatou a responsável.
Face às dificuldades de acesso foi prolongado o horário das visitas, que se estenderão entre as 09h00 e as 19h00, quando antigamente decorriam entre as 10h00 e as 18h00.
A lotação ficou esgotada em 40 minutos.
Vão decorrer ainda duas visitas diárias guiadas em inglês, face ao crescente interesse de turistas estrangeiros, embora a maioria dos visitantes continuem a ser lisboetas, explicou Lídia Fernandes, que adiantou outra novidade.
Na última abertura foram colocadas bombas (pelo Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa) que ficam de forma permanente” no local e que encaminham a água bombeada para o principal sumidouro da Rua da Prata, referiu.
As galerias estão inundadas habitualmente com mais de um metro de água, proveniente de lençóis freáticos e que conserva o monumento, mas que é retirada cada vez que são abertas ao público, explicou a responsável.
Quando as bombas deixam de funcionar, a água regressa ao nível habitual num período de três a quatro horas.
À questão sobre se este método poderá possibilitar que o local seja mais vezes aberto, a arqueóloga respondeu que “é uma hipótese sempre em aberto”, mas sublinhou que a questão tem de ser muito bem analisada.
“O edifício está estável e é monitorizado desde 2006 e não existe qualquer problema em ser aberto duas vezes por ano”, explicou a especialista, para indicar que abrir por períodos mais longos ou mais vezes obriga a “equacionar outras questões”.
“Futuramente não está fora de questão, mas não se coloca a um breve trecho”, indicou.
Atualmente é visitável um terço do denominado criptopórtico, cuja totalidade de comprimento ainda é desconhecida.
Datáveis de I d.C., as galerias tinham como função alicerçar edifícios, uma função que retomaram no século XVIII, depois de serem descobertas na sequência do terramoto de 1755.
A abertura ao público acontece em abril, aquando do Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, e em setembro, por altura das Jornadas Europeias do Património.