A dívida pública colocada semanalmente pelo Banco Nacional de Angola (BNA) aumentou quase 70 por cento, para 31,5 mil milhões de kwanzas (169 milhões de euros), mantendo-se as taxas de juro pagas pelo Estado nos 18,5% a um ano.
Segundo dados compilados esta segunda-feira pela Lusa com base no relatório semanal sobre a evolução dos mercados monetário e cambial do BNA, enquanto operador do Estado, o banco central colocou no mercado primário, entre 19 e 23 de setembro, 20,3 mil milhões de kwanzas (108,8 milhões de euros) em Bilhetes do Tesouro (BT) e 9,7 mil milhões de kwanzas (52 milhões de euros) em Obrigações do Tesouro (OT).
As taxas de juro médias pela emissão de BT oscilaram entre os 13,89% na maturidade a 91 dias e os 18,50% no prazo a 364 dias (estável desde o início de setembro), enquanto as OT fecharam, uma vez mais, com taxas de juro de até 7,75%, a cinco anos.
No segmento de venda direta de títulos ao público foram ainda colocados pelo BNA mais 1,5 mil milhões de kwanzas (oito milhões de euros).
O volume total da dívida pública colocada semanalmente por Angola cresceu desta forma 68,4%, tendo em conta os montantes colocados na semana anterior, que rondaram os 18,7 mil milhões de kwanzas (315,6 milhões de euros).
Angola vive desde meados de 2014 uma crise financeira, económica e cambial decorrente da quebra das receitas da exportação de petróleo, recorrendo à emissão de dívida para garantir o funcionamento do Estado e a concretização de vários projetos públicos.
Na revisão do Orçamento Geral do Estado aprovada a 19 de setembro no parlamento, o Governo avança com uma revisão em baixa de indicadores macroeconómicos, nomeadamente a redução da previsão do crescimento da economia, de 3,3 para 1,1% e do défice das contas públicas, que passa de 5,5 para 6,8% em 2016.
O endividamento do Estado angolano tem sido utilizado para colmatar a forte quebra nas receitas com a exportação de petróleo e só em 2015 o serviço da dívida pública angolana ascendeu a 18 mil milhões de dólares (16 mil milhões de euros).