Cerca de 750 organizações não governamentais (ONG) de todo o mundo, que se reúnem na campanha “1 for 7 Billion”, querem que a nova candidata a secretário-geral da ONU, Kristalina Georgieva, se submeta ao mesmo escrutínio que os outros candidatos.
É importante para a legitimidade da ONU e do cargo de secretário-geral que qualquer pessoa que o venha a ocupar tenha passado pelo processo de seleção acordado pelos países-membros e que interaja com os seus constituintes mais importantes: os sete mil milhões de pessoas no mundo”, disse à Lusa a cofundadora da “1 for 7 Billion” Natalie Samarasinghe.
O nome de Kristalina Georgieva, candidata que terá o apoio da chanceler alemã, Angela Merkel, foi anunciado esta quarta-feira pelo primeiro-ministro búlgaro.
A vice-presidente da Comissão Europeia é agora considerada a mais difícil adversária do ex-primeiro-ministro português António Guterres, que venceu as primeiras cinco votações.
A responsável da “1 for 7 Billion”, que foi constituída com o propósito de que o melhor candidato para o cargo seja escolhido, diz que “foi sempre pedido que todos os interessados se candidatassem atempadamente.”
Acreditámos que isto apoiaria uma maior transparência do processo, permitiria mais interação com o público e daria ao candidato vencedor tempo para se preparar para este difícil trabalho”, explicou.
A “1 for 7 Billion” (1 por 7 mil milhões), que reúne diferentes organizações, como a Amnistia Internacional ou Federação das Associações de Comércio Internacional (FITA), e personalidades como o antigo secretário-geral da ONU Kofi Annan, foi uma das vozes mais influentes na exigência de maior transparência na eleição para secretário-geral.
Este ano, pela primeira vez, os candidatos apresentaram a sua visão para o cargo em cerimónias públicas, responderam a perguntas da Assembleia Geral e da sociedade civil e participaram em debates com os outros concorrentes.
Com notícias de um novo candidato, a nossa preocupação é pedir para que passe pelo processo que foi implementado, o que deve incluir um diálogo na Assembleia Geral. Também acreditamos que deve interagir com a imprensa e com a sociedade civil como fizeram outros candidatos, com diversos graus de envolvimento”, explicou Samarasinghe.
A responsável notou que “António Guterres, por exemplo, foi um dos sete candidatos que participou nos debates do Reino Unido“, quando outros cinco candidatos estiveram ausentes.
O nome de Georgieva já tinha sido avançado durante a primavera e foi depois recuperado em agosto e em setembro, depois de outra búlgara, Irina Bokova, não conseguir um bom resultado nas primeiras rondas de votações.
Há duas semanas, o primeiro-ministro búlgaro disse que reconsideraria o apoio à líder da UNESCO depois de conhecidos os resultados da votação de 26 de setembro.
Nessa ronda, em que António Guterres tornou a ser o vencedor, Bokova não foi além do quinto lugar, tendo perdido apoios, o que terá motivado a decisão do líder búlgaro.
A próxima votação, em que pela primeira vez serão destacados os vetos dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança, está agendada para 05 de outubro.