O ex-general Michel Aoun, de 81 anos, foi eleito, esta segunda-feira, Presidente do Líbano pelo Parlamento, colocando fim a um vazio institucional de 29 meses.

O novo Presidente foi eleito com 83 votos, numa sessão em que houve ainda 36 votos brancos e oito nulos, anunciou o presidente da câmara dos deputados, Nabih Berri.

O novo Presidente prestou juramento para assumir o cargo por seis anos, não renováveis, no palácio presidencial de Baabda, de onde tinha sido expulso há 26 anos pelo exército sírio. É o terceiro general que assume o posto de Presidente no Líbano.

“Juro diante de Deus que vou respeitar a Constituição e as leis e que irei preservar a independência da nação libanesa e a paz nas suas terras”, disse Aoun diante dos deputados.

Este cristão maronita nasceu 18 de fevereiro de 1935 no bairro popular de Haret Hreik, ao sul de Beirute. Como muitos jovens de origem modesta, entrou para a vida militar, em que alcançou o topo da carreira.

Michel Aoun é um ex-militar adorado por seus seguidores e odiado por seus oponentes. O ex-general pode contar com o apoio do Hezbollah, o poderoso movimento islâmico xiita que apoia o regime do Presidente sírio, Bashar al-Assad.

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Entretanto, Aoun também recebeu o apoio inesperado de dois dos seus adversários políticos: o líder cristão maronita das Forças Libanesas (LF), Samir Geagea, e o ex-primeiro-ministro Saad Hariri, um muçulmano sunita. Ambos são hostis ao Hezbollah e ao Presidente sírio.

Esta eleição aconteceu no contexto de um bloqueio das instituições públicas e da paralisia económica devido ao mal-estar político generalizado neste país vizinho da Síria, sobretudo devido às ligações que os grupos políticos libaneses desenvolveram com as várias fações sírias.

As autoridades, minadas pela corrupção, são incapazes de oferecer à população serviços básicos como coleta do lixo, distribuição de energia elétrica e água potável.

No Líbano, as três posições-chave do Estado estão dividias entre as três maiores comunidades religiosas: a Presidência da República para um cristão maronita, o Parlamento para um muçulmano xiita e o primeiro-ministro deve ser um muçulmano sunita.

O Presidente desempenha um árbitro, mas seus poderes foram cortados drasticamente desde o fim da guerra civil (1975-1990), num sistema político construído sobre um delicado equilíbrio entre as diferentes comunidades.