O histórico militante comunista Miguel Urbano Rodrigues, de 91 anos, não concorda com a forma como o PCP apoia a solução de governo do PS. Num artigo publicado na edição da semana passada do «Avante!», jornal oficial do Partido Comunista, Urbano Rodrigues escreve que “a direção central reafirma considerar prioritária a luta de massas no combate pela rutura com a política de direita, mas não o demonstra com a sua estratégia parlamentar”.

No texto, Miguel Urbano Rodrigues analisa algumas partes do projeto de resolução política aprovado pelo Comité Central do PCP, em setembro. Para o histórico comunista, “o espaço dedicado à situação económica do País deixa transparecer insuficiência de trabalho coletivo e falta de rigor”.

Urbano Rodrigues mostra-se ainda preocupado com “a posição assumida na ‘proposta de alternativa patriótica e de esquerda’ e os seus objetivos centrais”, garantindo que não encontrou no documento “a grandeza do leninismo”, marcada pela “fidelidade intransigente a princípios, valores e lições do marxismo”.

A perspetiva esboçada é reformista e choca-se com o marxismo-leninismo, ideologia assumida pelo PCP”, escreve Urbano Rodrigues.

O comunista prefere distanciar-se “do otimismo que transparece nas passagens relativas à preparação do congresso”, que decorre entre 2 e 4 de dezembro, e no qual os militantes deverão discutir este documento do Comité Central.

“Milito no PCP há mais de meio século. Foram as lutas em que participei como comunista que conferiram significado à minha passagem pela vida”, afirma Urbano Rodrigues, concluindo com o desejo de que “o XX Congresso possa apontar ao partido o rumo que Álvaro Cunhal tão exemplarmente contribuiu para lhe imprimir na fidelidade à tradição revolucionária da sua gloriosa história”.

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