O presidente do BCP, Nuno Amado, disse esta quarta-feira que a última oferta que o banco fez pelo Novo Banco é igual à apresentada em junho e que já esclareceu a CMVM sobre o tipo de interesse manifestado no banco que resultou da resolução do BES.

Em conferência de imprensa de apresentação de resultados do banco, Nuno Amado foi questionado pelos jornalistas sobre que tipo de proposta formal fez o BCP para o Novo Banco até 04 de novembro, data final para a entrega das propostas vinculativas, depois de nesse dia o Banco de Portugal ter comunicado que recebeu cinco ofertas.

Tentando evitar a palavra “proposta”, Nuno Amado disse esta quarta-feira que a oferta feita foi igual à já apresentada em junho, na fase de propostas não vinculativas deste novo processo da venda do Novo Banco, quando o BCP disse que apresentou “uma carta de interesse”.

A nossa posição vai de acordo com a posição que tínhamos colocado no processo anterior, não evoluímos nada porque achamos que o que apresentamos nessa altura é o que faz sentido apresentar”, afirmou esta quarta-feira Nuno Amado.

Já sobre o facto de a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) ter pedido esclarecimentos ao BCP, tal como ao BPI, sobre notícias que dizem que ambas as entidades apresentaram propostas finais para a compra do Novo Banco e sobre se o BCP vai cumprir essa determinação, Nuno Amado referiu apenas que o banco já explicou ao regulador dos mercados financeiros o que foi feito.

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Não alteramos a nossa posição. Aquilo que estava correto em junho é o que se mantém em novembro”, reiterou o presidente do maior banco privado português.

Com os jornalistas a insistirem em questões sobre porque disse o Banco de Portugal que “recebeu cinco propostas” e sobre se a oferta do BCP se enquadra no termo “proposta”, Nuno Amado disse que esse tipo de perguntas tinha de ser feito ao supervisor e regulador bancário, mantendo que o BCP tem interesse em continuar envolvido neste processo.

Estamos atentos ao processo, é por isso que continuamos no processo, espero que haja uma solução para o Novo Banco e que traga valor”, concluiu.

Este novo processo de venda do Novo Banco — a instituição que resultou da resolução do Banco Espírito Santo (BES) — foi aberto em janeiro deste ano e o prazo para os interessados apresentarem propostas finais e melhoradas para a compra terminou a 04 de novembro.

Nesse dia, o Banco de Portugal disse, em comunicado, que “recebeu cinco propostas no âmbito dos dois procedimentos de venda, Procedimento de Venda Estratégica e Procedimento de Venda em Mercado” e que agora serão analisadas” à luz dos critérios estabelecidos nos respetivos cadernos de encargos, divulgados no passado mês de abril”.

O Banco de Portugal não revelou o nome dos candidatos, que segundo a imprensa são os bancos BCP e BPI e os fundos Apollo/Centerbridge, em parceria, e Lone Star, que apresentaram propostas no âmbito do processo de venda direta, enquanto a ‘holding’ China Minsheng se propõe ser acionista do Novo Banco através da opção de venda em mercado.

A 03 de agosto de 2014, o Banco de Portugal tomou o controlo do BES, depois de o banco ter apresentado prejuízos semestrais de 3,6 mil milhões de euros, e anunciou a separação da instituição em duas entidades distintas.

No chamado banco mau (‘bad bank’), um veículo que mantém o nome BES, ficaram concentrados os ativos e passivos tóxicos do BES, assim como os acionistas. No ‘banco bom’, o banco de transição designado de Novo Banco, ficaram os ativos e passivos considerados não problemáticos.

Desde a criação do Novo Banco que a instituição, agora liderada por António Ramalho, tem apresentado prejuízos, que já acumulam 1.811,1 milhões de euros. Apenas no primeiro semestre deste ano o banco registou um resultado negativo de 362,6 milhões de euros, o que justifica sobretudo com o legado do BES (nomeadamente crédito em incumprimento).

Em dezembro do ano passado foram prolongadas as garantias estatais ao Novo Banco e a data limite para a sua venda foi estendida, por acordo com a Comissão Europeia, até agosto de 2017.