Mais de 10 mil indonésios saíram à rua na capital do país, sábado, para apelar a tolerância e unidade na nação muçulmana mais populosa do mundo, depois de a polícia abrir uma investigação por blasfémia ao governador de Jacarta.

No início do mês, a capital foi palco de um protesto de muçulmanos conservadores contra o governador cristão Asuki Tjahaja Purnama, conhecido como Ahok, em que uma pessoa morreu e 12 ficaram feridas.

Na semana passada, a polícia declarou Ahok suspeito numa investigação por blasfémia.

A manifestação de sábado juntou mais de 10 mil pessoas, incluindo líderes religiosos, deputados e membros de grupos de diretos humanos, que marcharam junto ao Monumento Nacional e nas principais ruas da cidade.

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“Estamos aqui não para protestar mas para mostrar que não somos facilmente divididos por questões religiosas ou políticas”, disse Budiman Sujatmiko, deputado do Partido Democrático da Luta, o maior partido do país.

A Frente de Defensores Islâmicos, um grupo que quer impor a lei islâmica (sharia) na Indonésia, começou a exigir a detenção de Ahok depois da circulação de um vídeo online, em que o governador faz uma piada, perante uma audiência, sobre uma passagem do Corão que pode ser interpretada de modo a proibir muçulmanos de aceitarem não muçulmanos como líderes. Ahok já pediu desculpa pelo comentário.

A blasfémia é crime na Indonésia e, segundo a Amnistia Internacional, 106 condenações foram documentadas entre 2004 e 2014, com algumas pessoas a receber penas até cinco anos.

Ahok é o segundo governador cristão de Jacarta desde que a Indonésia declarou independência em 1945, e o primeiro de etnia chinesa a governar a cidade. É popular entre a classe média de Jacarta, mas a sua posição firme contra a corrupção e o plano urbanístico que pôs em vigor, que retirou milhares de pobres de bairros de lata, fez com que ganhasse inimigos.