O Governo já negou que António Domingues estivesse na posse de informação privilegiada sobre a Caixa quando participou, como convidado, em três reuniões com a Comissão Europeia para debater a recapitalização do banco, e agora é a vez do PS, pela voz do líder parlamentar Carlos César, reforçar a mensagem. O presidente da Caixa foi àquelas reuniões, mandatado pelo Estado, porque a nomeação da nova administração e o plano de recapitalização do banco estavam dependentes e relacionados, explicou Carlos César aos jornalistas no Parlamento, deixando mesmo uma mensagem de tranquilidade: “Isto vai correr bem” apesar de o PSD só querer “que corra mal para o banco ser privatizado”.

“A questão — a participação do gestor em reuniões antes de ser nomeado — até já era conhecida, foi pública e objeto de debate em reuniões parlamentares”, lembrou o líder parlamentar socialista. Carlos César afirma que as idas de António Domingues a Bruxelas e a Frankfurt para negociar o plano de recapitalização antes de assumir funções na Caixa não só já eram conhecidas, como esses contactos foram “importantes e necessários”. “Aquilo que as reuniões visaram foi assegurar um pressuposto da sua nomeação: a constatação de que o processo de capitalização e reestruturação da Caixa era possível de forma totalmente pública sem ser considerado ajudas de estado — foi essa a sua diligência”, disse, rejeitando que Domingues tenha tido acesso a qualquer informação privilegiada.

Para Carlos César, “não faz sentido dizer que teve acesso a informação privilegiada quando, por definição, a Direção-Geral da Concorrência assegura desde logo que não há acesso a informação privilegiada”. Na verdade, a participação de Domingues na preparação do plano de recapitalização do banco foi um pré-requisito para o gestor ser nomeado presidente da CGD: “Era necessário que essa administração fosse portadora de um pré-plano que tivesse a concordância do Governo e as garantias mínimas de aval por parte das instituições europeias e da DGcom (direção geral da concorrência)”.

Segundo o socialista, o importante é deixar uma mensagem de tranquilidade aos portugueses. “Isto vai correr bem, por mais barulho que faça o PSD ou o CDS”, disse, atacando o PSD por “não querer saber” de remunerações de administradores, da entrega ou não de declarações de rendimentos ou eventuais conflitos de interesse, mas apenas estar interessado em que “isto corra mal” — para depois conseguir “o que quer”, que é, conclui, a privatização do banco.

“O que o PSD quer é que isto corra mal, e por isso o importante é fazer barulho sobre todas as coisas para que todas as coisas possam fazer mal e se concretize o que o PSD mais deseja na CGD: que correndo mal, se proceda à privatização desta instituição bancária”, disse, reiterando no final uma mensagem de confiança: “Isto vai correr bem. A reestruturação da CGD vai ser feita com sucesso, a sua recapitalização pública vai ser concretizada”.

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