O primeiro-ministro moçambicano, Carlos Agostinho do Rosário, defendeu esta quinta-feira, no parlamento, que alcançar da paz constitui prioridade para o Governo, visando permitir que o país se concentre no desenvolvimento económico e social.
“Para o Governo, constitui prioridade o calar imediato das armas para que não haja mais perdas de vidas humanas. Chega de luto, dor e destruição nas nossas famílias”, afirmou Rosário, discursando no encerramento da sessão de perguntas e respostas entre os deputados da Assembleia da República e o executivo.
O Governo, prosseguiu o primeiro-ministro, tem feito tudo ao seu alcance para que no mais curto espaço de tempo se conquiste este bem comum e indispensável.
“Só num ambiente de paz efetiva é que o país pode continuar a consolidar a unidade nacional e a garantir o desenvolvimento económico e social, assinalou o primeiro-ministro moçambicano”, enfatizou Carlos Agostinho do Rosário.
Na quarta-feira, primeiro dia da sessão de perguntas e respostas no parlamento, o primeiro-ministro afirmou que o grupo de trabalho sobre descentralização criado entre o Governo e a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido de oposição, visa agilizar e conferir maior abrangência e rigor ao processo de descentralização, para permitir o alcance imediato da paz.
“Este grupo tem a missão de preparar o documento contendo a filosofia e os procedimentos gerais que servirão de base para a elaboração do pacote legislativo sobre a descentralização a ser submetido a esta magna casa do povo em tempo útil”, declarou Carlos Agostinho do Rosário.
Mas a Renamo acusou o Governo de pretender excluir os mediadores internacionais das negociações de paz, para perseguir um “plano oculto” de perpetuação da guerra.
“Este plano oculto pretende perpetuar a guerra no país, razão pela qual não querem ver mediadores no país, por que razão o Governo pretende afastar os mediadores internacionais”, questionou António Muchanga, deputado do principal partido de oposição, falando durante a sessão de perguntas e respostas.
Muchanga acusou ainda o Governo de estar a alastrar as ações militares em todo o país, através do desdobramento das Forças de Defesa e Segurança em todo o território nacional.
Ao pretender que os mediadores internacionais não tenham assento no referido grupo de trabalho, continuou António Muchanga, o executivo moçambicano, demonstra ter um plano estranho à paz.
A Comissão Mista do Diálogo para a Paz em Moçambique, que inclui Governo, Renamo e mediadores internacionais, anunciou na semana passada a criação de um grupo de trabalho que vai elaborar uma proposta de descentralização do país, num esforço visando o alcance da paz no país.
A Renamo exige governar nas seis províncias onde reivindica vitória nas eleições gerais de 2014, acusando a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, de fraude no escrutínio.
O centro e norte do país têm sido assolados por confrontos entre as Forças de Defesa e Segurança moçambicanas e o braço armado da Renamo, movimento acusado pelo Governo de atacar alvos civis nas duas regiões.