O governo de Israel deverá aprovar a construção de mais 6.000 casas, ou cerca de 600 edifícios, no leste de Jerusalém, um território predominantemente ocupado por palestinianos, que consideram que Israel se está a expandir para uma área que não lhe pertence. A notícia chega depois de o Conselho de Segurança da ONU ter aprovado, na sexta-feira, uma resolução a exigir a Israel o fim “imediato” e “completo” da política de colonatos nos territórios palestinianos.

Os Estados Unidos (EUA), depois de terem vetado em 2011 uma resolução similar, desta vez abstiveram-se, o que permitiu que a resolução fosse aprovada pelos restantes membros do Conselho de Segurança.

Meir Turgeman, o responsável pelo planeamento da construção dos colonatos, disse ao jornal Israel Hayom que a decisão de Israel em continuar a construir “permanecia inalterada pela resolução da ONU ou por qualquer outra entidade que tente ditar aquilo que podemos fazer em Jerusalém”. Mencionando a abstenção hostil dos Estados Unidos, Turgeman disse esperar que a nova Administração norte-americana apoie Israel “para que seja possível compensar a falta de apoio durante oito anos de Administração Obama”.

O voto na ONU enfureceu os israelitas. Durante as próximas quatro semanas, os ministros israelitas estão impedidos de viajar ou manter agendas de trabalho com qualquer um dos 12 países que votaram a favor da resolução das Nações Unidas contra os colonatos israelitas na Cisjordânia e em Jerusalém oriental. No domingo, em reunião com o seu conselho de ministros, o primeiro-ministro Benjamin Natanyahu disse que “não tinha dúvidas” que a Administração Obama estivesse em conluio com os palestinianos por trás das costas de Israel. (Sobre este processo, veja o Explicador do Observador.)

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Assim, e até Donald Trump tomar posse como presidente dos Estados Unidos, as relações de Israel com a Rússia, a França, a Espanha, o Reino Unido, a China, o Japão, o Egito, o Uruguai, Angola, a Ucrânia, o Senegal e a Nova Zelândia, ficarão suspensas. Mas, antes disso, Natanyahu ainda chamou os embaixadores dos 12 países para uma reunião onde receberam uma espécie de reprimenda diplomática, no domingo de Natal.

“Israel não oferece a outra face”, disse Natanyahu, citado pelo New York Times, depois de ter decidido tomar distâncias relativamente aos membros do Conselho de Segurança. “Israel é um país com muito orgulho nacional, e esta nossa resposta é a única resposta responsável, natural e ponderada que gente saudável poderia ter para demonstrar às nações de todo o mundo que aquilo que nos fizeram na ONU é inaceitável para nós”, acrescentou o primeiro-ministro.

Ainda não se conhecem as reais implicações desta resolução, apesar de o texto ser bastante explícito, condenando “todas as medidas que tenham como objetivo alterar a constituição demográfica, o carácter ou o estatuto do território palestiniano, ocupado desde 1967, incluindo o leste de Jerusalém”.

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Autoridade Palestiniana, Riad Malki, sugeriu que esta resolução vai permitir aos palestinianos apelar aos tribunais internacionais para que considerem punir Israel pela expansão dos colonatos. “Agora podemos falar de boicote a todos os colonatos, às companhias que trabalham para os construirem, etc, e de facto mover uma ação legal contra eles se escolherem continuar a trabalhar para esse propósito”, disse Malki ao New York Times.