Um efeito técnico explica porque as taxas de juro de Portugal estão mais elevadas nesta quinta-feira. A linha de obrigações que era referência para 10 anos era a que vencia em 2026, agora passou a ser a de 2027. Esse efeito faz com que o novo benchmark seja um título com maturidade mais longa (abril de 2027) e, portanto, a taxa de rendibilidade é mais elevada: 4,25%

A linha de obrigações com vencimento em 2026, que até ontem era a referência para o prazo a 10 anos, continua a ser negociada com um juro de quase 4% (3,97%). Mas essa linha deixou de ser o benchmark para esse prazo, já que agora é para a linha de obrigações de 2027 que se olha quando se quiser ter uma ideia de como está o juro de Portugal no prazo mais importante de todos.

Tratando-se de um efeito técnico, este valor de 4,25% não deixa de corresponder a um máximo desde fevereiro de 2016, altura em que o governo de António Costa e Mário Centeno negociou o primeiro Orçamento do Estado com Bruxelas e houve sinais de conflito que poderia levar a um corte do rating por parte da agência DBRS.

Este é um efeito técnico, comum às outras maturidades da dívida portuguesa, que surge num dia tranquilo nos mercados de obrigações da zona euro, um dia depois de a Reserva Federal dos EUA confirmar mais uma subida da taxa de juro. No que diz respeito a Portugal, e excluindo este efeito técnico da mudança de benchmark, as taxas estão a subir ligeiramente num dia em que nos outros países da periferia da zona euro, a tendência é de alívio depois da derrota do candidato nacionalista nas eleições holandesas.

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Portugal foi destacado na quarta-feira pelo ministro alemão das Finanças, numa declaração que acabou por não ter um efeito duradouro nos mercados de dívida, já que vem na linha dos “avisos” que Wolfgang Schäuble fez no passado ao Governo de António Costa. A dívida portuguesa continua a beneficiar das compras mensais pelo Banco Central Europeu (BCE), que apesar de estarem a desacelerar na aproximação ao final do programa de estímulos, continuam a ser decisivas para que os juros não subam além dos níveis atuais.

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