O diretor-geral de saúde, Francisco George, reiterou esta quinta-feira que “a vacina [contra a hepatite A] existe no nosso país em quantidades suficientes para ser usada por quem precisa”. Em declarações à RTP, Francisco George apelou a que não haja uma “corrida às vacinas”. “Temos as vacinas necessárias desde que respeitemos os critérios médicos para a sua utilização”, insistiu o responsável.

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Segundo Francisco George, a vacina contra o vírus da hepatite A apenas deve ser usada “quando o médico percebe que é preciso proteger contactos íntimos que não estejam doentes, ou então quando há uma deslocação”. Por isso, o diretor-geral de saúde esclarece que “não há nenhuma razão para procurar vacinas de forma arbitrária por iniciativa própria”.

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“Mesmo na ausência de vacinas há outros medicamentos que protegem aqueles que precisam de evitar adquirir a doença”, sublinhou Francisco George. O diretor-geral de saúde reage assim às crescentes preocupações sobre a quantidade de vacinas disponíveis em Portugal para dar resposta ao surto de hepatite A que se está a verificar no início deste ano.

Também o Infarmed garante que não faltam vacinas contra o vírus da hepatite A e que o que está a ser feito pelos fabricantes é uma gestão a nível mundial para evitar uma corrida às farmácias. “A gestão nem é nacional, é a nível mundial, para evitar precisamente uma corrida às farmácias.

Devem ser os médicos a prescrever a vacina a quem precisa e as farmácias, depois, entram em contacto com os fabricantes”, explicou fonte da Autoridade Nacional do Medicamento. A mesma fonte adiantou que na quarta-feira houve duas reuniões com o Infarmed e os dois fabricantes das vacinas em causa.

DGS já identificou 118 casos

Desde o início do ano já foram identificados 118 casos de pessoas infetadas com o vírus, confirmou à RTP o diretor-geral de saúde. Nas amostras clínicas correspondentes a 55 doentes, a análise do vírus identificou uma estirpe relacionada com viajantes que regressaram da América Central e do Sul, também identificada em Espanha, no Reino Unido, e em outros países europeus. “Num caso importado foi demonstrada a estirpe associada ao cluster (…) relacionado com um festival de Verão na Holanda e um surto em Taiwan”, explica a DGS.

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A infeção por VHA pode ser assintomática, subclínica ou provocar doença aguda, associada a febre, mal-estar, icterícia, colúria, astenia, anorexia, náuseas, vómitos e dor abdominal. A gravidade da doença aumenta com a idade sobretudo em pessoas que tenham subjacente doença hepática crónica cirrose ou hepatite B ou C crónicas. A hepatite fulminante com insuficiência hepática é rara, ocorrendo em menos de 1% dos casos.

Segundo a DGS, a letalidade é de 0,3-0,6% (aumenta com a idade e atinge 1,8% em doentes com mais de 50 anos). A infeção não evolui para a cronicidade e provoca imunidade para toda a vida. A vacina contra o vírus da hepatite A não consta do Programa Nacional de Vacinação e, segundo a subdiretora geral da saúde Graça Freitas, tem de ser prescrita por um médico. Em Portugal a vacina é prescrita geralmente no âmbito das consultas do viajante.