Fátima Lopes caminha pelos corredores da Sala de Belém, no Pestana Palace Lisboa, como se fosse a sua casa. Nos bastidores, desfila pelos cabelos e maquilhagem num vestido vermelho decotado com a autoconfiança de quem, em setembro, celebra as bodas de prata no mundo da moda. “É um regresso a casa“, diz a criadora ao Observador antes do desfile começar. Há 25 anos apresentou a sua primeira coleção no Convento do Beato, em Lisboa, onde voltou duas décadas depois com o apoio do Portugal Fashion. Com a saída do calendário oficial do evento portuense, este domingo voltou à capital para apresentar a coleção outono/inverno 2017-18 de forma independente.

Fátima Lopes, a retocar a maquilhagem, nos bastidores da Sala Belém no Pestana Palace Lisboa. (foto: Henrique Casinhas/Observador)

“É uma sensação de vitória maravilhosa”, diz Fátima Lopes de sorriso no rosto. “Sabe muito melhor apresentar um desfile individual porque é organizado totalmente por mim e pela minha equipa. É trazer a Lisboa — a cidade que escolhi para viver — o meu trabalho”, acrescenta. O nervosismo ficou na Semana de Moda de Paris quando, em março, a coleção viu pela primeira vez a luz do dia — um mês antes apresentou a segunda coleção de calçado em Milão.

Há toda uma estratégia de crescimento e posicionamento de marca. Daqui para a frente muita coisa vai acontecer”, promete Fátima Lopes.

A casa está cheia e, pouco depois das 18h, restam poucos dos 500 lugares sentados. “É a maior coleção em muitos anos”, garante a criadora mestre em transparências e sensualidade. Em vez dos habituais 30 coordenados, Fátima Lopes inicia as comemorações dos 25 anos da marca com cerca de 40 conjuntos em tons de preto, bordeaux e cinzento. “Esta coleção tem tudo do ADN da Fátima Lopes. É pensada, de forma global, para uma mulher sofisticada, forte, ousada mas muito feminina.” Mulher essa representada pela modelo Marisa Cruz, que abre o desfile no meio de aplausos. Inês Junqueira, a musa que acompanha a criadora em todos os desfiles, entra logo de seguida com os cabelos ruivos encaracolados a esvoaçar.

A modelo Inês Junqueira participa regularmente nos desfiles nacionais e internacionais da criadora. (foto: Henrique Casinhas/Observador)

Seguem-se formas geométricas, um pouco ou tanto gráficas, com mistura de materiais que conjugam caxemiras com pelos, malhas tricotadas com cabedal, lamés com veludos e até sedas com rendas alta-costura q.b. A coleção termina com vestidos de noite para comprovar que o armário feminino não é só feito de calças, saias, macacões, tops e casacos. “Uma mulher precisa de roupa para todas as ocasiões, seja para o dia-a-dia ou para um gala”, defende a designer de prêt-à-porter. “Não fazia há muito tempo vestidos tão sofisticados e, numa coleção em que nada é normal ou simples, decidi apostar na sofisticação e em tecidos trabalhados à mão.”

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