A doença de Parkinson afeta as capacidades motoras e cerebrais do doente e, cientistas do Instituto Karolinska, na Suécia, testaram um método de reprogramação genética, em ratos de laboratório, com o intuito de transformarem células cerebrais em neurónios produtores de dopamina – neurotransmissor responsável por diversas funções no cérebro e no corpo, incluindo o controlo de movimentos, aprendizagem, humor, emoções, funções cognitivas e memória.

Através deste método, os ratos apresentaram melhorias em termos de mobilidade e tremores. A doença de Parkinson pode levar a um abrandamento de movimentos e a tremores involuntários devido à falta de dopamina. David Dexter, um dos investigadores do estudo, explica a Nature Biotechnology que este estudo “oferece uma maneira completamente nova de repor as células que se perderam com a Parkinson”, sendo que a reposição dessas células é apontada pelo investigador como uma possível maneira de reverter os sintomas da doença e, “um dia, poderá levar à cura”.

Astrócito

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São as células mais abundantes do sistema nervoso central e são as que possuem maiores dimensões. São responsáveis por diversas funções, tais como: preencher o espaço entre os neurónios; regular a concentração de substâncias que possam interferir com certas funções; regular neurotransmissores; providenciar suporte ao cérebro e ajudar em funções imunitárias.

O processo levado a cabo pelos cientistas passa por manipular as células cerebrais comuns, que normalmente produzem astrócitos, e transformá-las em células semelhantes a neurónios produtores de dopamina. Este feito foi conseguido depois de testarem diversos genes que ajudam a criar neurotransmissores. O resultado final foi obtido através da combinação de quatro genes com outras moléculas que foram injetadas nos ratos com Parkinson. Os ratos demoraram entre duas a cinco semanas até começarem a mostrar melhorias da doença.

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“O que este estudo tem de diferente”, explica ao The Independent Ernest Arenas, que liderou a experiência, “é que utilizamos a programação para transformar as células de astrócito num neurónio que é funcional em pessoas”. A experiência está a ser estudada já há seis anos e é o primeiro protótipo do género, no entanto, os cientistas ainda não sabem se este novo método poderá trazer complicações aos pacientes.

Ao The Independent, Christopher Morris, professor de neurotoxicologia na Universidade de Newcastle, levantou questões pertinentes sobre o estudo ao questionar-se sobre a capacidade destas novas células produzirem a sua própria dopamina e por quanto tempo serão capazes de se manter estáveis nos ratos de teste.

Atualmente ainda não se sabe as causas que levam ao aparecimento da doença de Parkinson mas suspeita-se que seja uma combinação de fatores genéticos e ambientais. A doença afeta, maioritariamente, pessoas a partir dos 50 anos apesar de que uma em cada 20 apresenta sintomas antes dos 40 anos.