No comentário deste domingo, na SIC, Luís Marques Mendes revelou ter a informação de que “as autoridades estatísticas nacionais já concordaram com a interpretação” de que a recapitalização da Caixa Geral de Depósitos “não contará para o défice”. O social-democrata disse que “o Governo anda a tentar” alcançar este objetivo “há semanas”. Mas foi mais longe: garantiu que “estará prestes a confirmar-se que Bruxelas irá confirmar esta interpretação”, o que evitará que Portugal continue “na corda bamba” quanto a uma eventual saída do Procedimento por Défices Excessivos (PDE).

Ainda sobre o tema da Caixa, Mendes voltou à polémica da entrega das declarações de António Domingues. No dia 28 de abril, o ex-presidente do banco público vai à nova comissão de inquérito responder sobre as condições da sua contratação para a CGD, “um depoimento capital para esclarecer e acabar com toda esta novela”. O comentador — que desencadeou no seu programa a questão da entrega das declarações de património no Tribunal Constitucional — recomendou aos deputados que fizessem três perguntas ao banqueiro:

  1. “Senhor doutor, explique aqui ao país: é ou não verdade que o ministro das Finanças assumiu que o senhor e os seus pares não tinham de entregar declaração ao Tribunal Constitucional”.
  2. “Esse compromisso foi assumido verbalmente ou por escrito?”
  3. “E se foi por escrito foi por carta, por SMS?”

Luís Marques Mendes considera que Domingues e Centeno não têm hipótese de sair ao mesmo tempo bem na fotografia final. Ou um ou outro. “Se Domingues tem dados para encerrar esta novela, sai bem. Se não tem ou não quer, também acaba a novela que já se arrasta há muito tempo”. No entanto, o comentador antecipa que a continuidade do ministro das Finanças não deverá estar em causa.

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Depois de falar sobre a tranquilidade “um pouco estranha” em que decorreu o debate sobre o Programa de Estabilidade, Marques Mendes recordou o dramatismo “do ano passado, em que parecia que o Governo ia cair”. Segundo o comentador, este ano o “país está diferente, está distendido, calmo tranquilo”, até parece “anestesiado”. E disse que “hoje já ninguém questiona que o mandato vai até ao fim e que só haverá eleições em 2019”. O ex-presidente do PSD até prevê que o rating da República possa ser revista para perspetivas mais positivas “no final do ano”, após a saída do PDE e com o crescimento económico.

Quando falou do PSD, foi para argumentar que “não é normal o que se viu esta semana”, as guerras internas em ano de eleições. “Num período eleitoral, recomendava o bom senso que não houvesse estas guerras.”

O mesmo disse em relação às eleições primárias, que Miguel Relvas e outros dirigentes do partido têm colocado na agenda. “A questão das primárias não tem sentido. Dizer que deveriam ser uma prioridade a seguir às autárquicas, é uma ideia sem sentido”. Em termos de calendário, Marques Mendes aponta que a realização de primárias seria “uma loucura”. E explicou a sua posição em três passos: “Como isso não é possível nos estatutos eleger o líder em primárias, isso implicava um Congresso para discutir estatutos. Veja esta loucura: o PSD teria no próximo ano um congresso para discutir estatutos; depois, uma eleição direta ou primárias para o líder e depois outro congresso para a estratégia política. Andávamos seis meses em questões internas em vez de falar do país. O PSD a tratar de questões internas do aparelho e António Costa a tratar do país.”

Apesar de dizer que acha que Miguel Relvas não está de volta, também garante que Passos Coelho “não se vai demitir, seja qual for o resultado” das eleições autárquicas. Apostou, porém, que Passos “vai ter um adversário que se chama Rui Rio”, mas Luís Montenegro, o líder parlamentar, “só será um dia candidato à liderança, mas daqui a uns anos”. Uma espécie de “número dois”, não se candidata contra o seu líder.