A Peripécia Teatro estreia quinta-feira, na Benedita, no concelho de Alcobaça, o espetáculo “13” que aborda a temática “Fátima” e as “aparições” e está a provocar “agitação” e “alguma resistência”, disse hoje a companhia. A companhia teatral foi fundada em 2004 por dois atores espanhóis e um português – Ángel Fragua, Noelia Domínguez e Sérgio Agostinho – que se instalaram numa antiga escola primária da aldeia de Coêdo, no concelho de Vila Real.

Sérgio Agostinho disse hoje à agência Lusa que o espetáculo “13” aborda a temática de Fátima, no ano em que se assinala o centenário das “aparições” e também se celebram os 13 anos da Peripécia.

Eu diria que é uma comédia, às vezes com tons de humor negro e às vezes mais ácidos sobre tudo isto. Sobre a história daquelas três crianças (Lúcia, Francisco e Jacinta), sobre o ambiente da época, sobre o que a igreja fez às três crianças e sobre a forma como a igreja se aproveitou desta situação para ter mais poder na época. Tudo isto faz parte deste espetáculo”, contou.

A companhia juntou histórias verdadeiras com outras inventadas e até absurdas: “No fundo é também uma reflexão, o mais divertida possível, sobre este fenómeno do qual se comemoram os 100 anos”, salientou. Sérgio Agostinho afirmou que, a peça ainda não se estreou, “mas já tem causado alguma agitação”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Desde a fase da sua promoção, quando tentamos arranjar coprodutores, que sentimos uma certa resistência a programar este espetáculo”, sublinhou.

E continuou: “algumas das pessoas com quem falamos diretamente foram claras e disseram que era um espetáculo que não seria programado porque é um tema muito delicado e, ainda por cima, em ano de eleições não iriam querer agitar as consciências”.

O responsável referiu que algumas autarquias que foram contactadas pela companhia e que gerem teatros disseram que “não querem por em causa o tema, ou a marca de Fátima” este ano que também fica também marcado pela visita do papa Francisco na sexta-feira e no sábado.

O nosso objetivo é esse, é agitar consciências. Não fazer um espetáculo de agitação e propaganda. Não tem nada a ver com isso. Quando digo agitar a consciência é provocar a reflexão, fazer com que as pessoas pensem, mas sempre através da arte e sempre com a arte”, salientou.

O espetáculo tem como autores e interpretes Ángel Fragua, Noelia Domínguez e Sérgio Agostinho, que vão utilizar em palco alguns objetos, como guarda-chuvas, que estão muito associados “à memória visual da altura da ‘aparição’”.

A direção é de José Carlos Garcia e conta ainda com as colaborações de Paulo Neto, Zétavares, Luis Ribeiro, Eduarda Freitas e Sara Casal. A peça tem estreia marcada para quinta-feira, no Centro Cultural Gonçalves Sapinho, na Benedita, que fica a cerca de 40 quilómetros da Cova de Iria.

Na quarta-feira haverá uma antestreia para alunos de escolas da Benedita. Depois, “13” vai permanecer em cena nesta localidade até sábado. Nos dois dias a seguir, será apresentado no Cineteatro de Alcobaça e, de 26 e 28 de maio, vai estar no Festival Aqui Acolá na ilha da Madeira, na cidade de Ponta do Sol. Esta criação é uma coprodução da Peripécia Teatro com o Município de Alcobaça e o Teatro do Avesso.