Numa altura em que grande parte dos construtores automóveis envereda pela mobilidade eléctrica, a validade desta aposta é agora confirmada pelos números: segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), as vendas deste tipo de veículo continuam em forte crescimento, sendo já 2 milhões o número de automóveis eléctricos que circulam pelas estradas do globo. E isto apesar de, há apenas cinco anos, a sua presença ser pouco mais que inexistente.

De acordo com o estudo “Global EV Outlook 2017”, levado a cabo pela AIE, só no último ano, as vendas de automóveis eléctricos e híbridos plug-in dispararam cerca de 60%, face a 2015. Crescimento que, ainda assim, não evita que este tipo de proposta continue a representar apenas 0,2% da totalidade dos veículos ligeiros em circulação.

O estudo conclui igualmente que o mercado de automóveis eléctricos continua limitado a um ainda reduzido número de países, com cerca de 95% das vendas a acontecerem em apenas 10 mercados: China, Estados Unidos da América, Japão, Canadá, Noruega, Grã-Bretanha, França, Alemanha, Holanda e Suécia.

A China continua a ser, de longe, o maior mercado para o carro eléctrico, com mais de 40% das vendas de automóveis eléctricos transaccionados em todo o mundo e mais de metade daquilo que são as vendas nos EUA”, afirma a AIE, em comunicado. Acrescentando ser “indesmentível que o actual mercado do carro eléctrico é fortemente influenciado pelas políticas para o ambiente”.

Um programa multigovernamental, denominado “Iniciativa Veículo Eléctrico”, pretende fixar como objectivo uma percentagem de 30% do mercado para os veículos equipados com bateria, sejam eles automóveis ligeiros, autocarros, camiões e comerciais ligeiros, até 2030. Sendo que, entre os subscritores deste programa, estão potências como a China, França, Alemanha, Reino Unido e Estados Unidos da América, adianta a AIE. Já a Índia, que não faz parte dos subscritores, anunciou, no passado mês de Maio, ter planos para chegar ao final da década a vender apenas carros eléctricos no mercado interno.

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Objectivo: 600 milhões

De forma a cumprir a meta estipulada no Acordo de Paris, e que passa por manter o aquecimento global abaixo dos 2°C, é preciso que, em 2040, sejam 600 milhões o número de veículos eléctricos em circulação no planeta.

Actualmente, são vários os países e cidades a olharem para este tipo de automóveis como uma solução para os problemas de poluição com que se debatem. Ao mesmo tempo, o crescimento do interesse da parte dos consumidores e das infra-estruturas de carregamento, a par do declínio da procura por carros com motores diesel, acabaram por contribuir para um investimento mais significativo nos veículos híbridos plug-in. Por outro lado, nota o economista-chefe da BP Spencer Dale, “a imagem cool” que os eléctricos começam a conquistar é mais um factor capaz de ajudar a que as vendas deste tipo de viaturas cresça para os 450 milhões de unidades, até 2035.

Entretanto, entre os fabricantes, depois de uma fase em que a aposta neste tipo de veículos passou quase exclusivamente pelos sedans topo de gama, a tendência agora é para abarcar segmentos mais acessíveis. Com acontece, por exemplo, com a norte-americana Tesla, que está a preparar o lançamento de seu novo e mais acessível Model 3. Ou com o Grupo Volkswagen, que já divulgou planos para lançar, nos próximos anos, quatro novos modelos eléctricos acessíveis. Propostas que, aliás, fazem parte de um plano mais abrangente, cujo objectivo passa por atingir os 2 milhões de veículos de baterias recarregáveis transaccionados, em 2025.

A par destes dois construtores, também a Mercedes-Benz anunciou já a intenção de acelerar o seu programa de lançamento de 10 novos modelos eléctricos, os quais deverão agora chegar ao mercado até 2022. Objectivo: alcançar a norte-americana Tesla neste domínio, também como resposta à progressiva perda de peso que os veículos com motores de combustão começam a demonstrar nas vendas de automóveis novos.