O Novo Banco vai lançar uma oferta de aquisição sobre 36 emissões de dívida sénior com o objetivo de reforçar os capitais em 500 milhões de euros. Esta operação será feita a preços de mercado e em dinheiro, em vez da troca de dívida que estava prevista nos termos do acordo para a venda da instituição à Lone Star. A oferta em cima da mesa representa perdas em juros e capital, mas a instituição avisa que se a operação não tiver sucesso, o resultado para os investidores pode ser pior.

Em comunicado, a instituição diz que a “oferta prevê a compra de todas as obrigações referentes a 36 emissões do NOVO BANCO. É uma oferta com contrapartida em cash, proporcionará aos seus detentores um preço alinhado com o mercado e é acompanhada por uma operação de solicitação de consentimento de reembolso antecipado (consent solicitation)”.

O Novo Banco justifica a opção por pagar em dinheiro como sendo uma solução que “torna mais simples e percetível a contrapartida, e mais ajustada aos investidores institucionais e de retalho”. Os clientes do banco que aderirem à oferta serão reembolsados através de depósitos a prazo “com condições específicas”. Quem não for cliente e aceitar a proposta terá de abrir conta no Novo Banco.

A operação de reembolso antecipado vai realizar-se a “preços de mercado, ligeiramente acima do valor médio verificado no ultimo ano” e vai decorrer entre 25 de julho e 2 de outubro de 2017, com liquidação prevista a 4 de outubro de 2017.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

As contrapartidas de reembolso antecipado divulgadas ao mercado esta segunda-feira à noite oscilam entre os 82% e os 9,75% do valor nominal das obrigações, de acordo com a tabela divulgada na Comissão de Mercado de Valores Mobiliários. Isto significa que o desconto face ao valor nominal oscila entre os 12% e 90%, mas isso não representa necessariamente a dimensão da perda do investidor porque o valor das obrigações inclui também juros pagos e por pagar. Além de que os maiores descontos em relação ao valor nominal aplicam-se a obrigações com prazos mais longos em que o investimento feito é muito inferior ao valor nominal.

O sucesso da oferta está condicionado a um resultado que permita o reforço dos capitais próprios do Novo Banco em pelo menos 500 milhões de euros, quer em poupanças de juros, quer por ganhos de capital. Se a operação não for aprovada pelos obrigacionistas em assembleias gerais, o Novo Banco avisa os investidores que o contrato de venda à Lone Star não se concretizará e o banco ficará sujeito a sofrer uma nova resolução. Tal “pode ter um impacto significativamente adverso no seu valor e pode dar azo a um resultado final para os detentores de valores mobiliários significativamente mais adverso que os termos das ofertas e das propostas”.

A oferta abrange obrigações com um valor nominal de 8,3 mil milhões de euros que representam um passivo contabilístico de três mil milhões de euros.