Com os principais fabricantes a direccionarem grande parte dos seus esforços para a mobilidade eléctrica, investigadores da Universidade da Florida Central, nos EUA, anunciaram ter criado uma nova substância, com a qual conseguem extrair, de forma muito mais eficaz e barata, as moléculas de hidrogénio a partir da água do mar. Prometendo assim dar um valente empurrão à tecnologia da pilha (ou célula) de combustível, enquanto alternativa aos combustíveis fósseis e até aos carros eléctricos, alimentados a partir de bateria.

Num documento publicado na revista “Energy & Environmental Science”, os investigadores descrevem este novo nanomaterial como uma película ultrafina de dióxido de titânio com nanocavidades incrustadas. As quais são depois revestidas com flocos de dissulfato de molibdénio, com uma espessura inferior a um átomo. Este novo material actua como uma espécie de catalisador solar, utilizando a energia proveniente da luz solar para separar as partes constituintes da água, ou seja, o hidrogénio e o oxigénio.

Em declarações ao site Phys.org, Yang Yang, o investigador que liderou a equipa da Universidade da Florida Central, defendeu já que este novo método de produção de hidrogénio é um avanço importante, uma vez que “abre uma nova janela no processo de separação dos elementos constituintes da água, que funciona com água em condições reais – até mesmo a salgada do mar –, em vez de, como acontecia até aqui, exclusivamente purificada e em laboratório”.

Ainda segundo a equipa, este novo nanomaterial consegue fazer um melhor aproveitamento da luz do sol do que os materiais até aqui disponíveis, uma vez que é mais sensível a todo o espectro de luz, desde os ultravioletas à luz infravermelha. Neste momento, os investigadores estão já a trabalhar em formas de tornar o processo de fabricação mais eficaz em larga escala, de forma a poder comercializá-lo, enquanto continuam a fazer evoluir esta nova tecnologia.

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Hidrogénio: extraí-lo ainda é caro

Recorde-se que, apesar da maior parte dos construtores automóveis estarem a enveredar pela energia eléctrica, através de baterias, como alternativa aos combustíveis fósseis, são ainda alguns os fabricantes que, como a Toyota, a Honda ou a Hyundai, mantêm investimentos no domínio da pilha de combustível a hidrogénio. Desenvolvendo uma tecnologia em que o hidrogénio armazenado num reservatório é misturado com o oxigénio da atmosfera, para assim produzir energia eléctrica, com a qual alimentam o motor eléctrico que faz andar o veículo. Sendo que as únicas emissões da pilha de combustível, em resultado de todo este processo, são apenas água pura. E quente.

Mas se a mobilidade com recurso ao hidrogénio é, em si, um processo já suficientemente desenvolvido e pronto para passar à prática, o problema começa por colocar-se nas fontes onde é possível ir buscar este gás. Já que, embora muito abundante no nosso planeta, o hidrogénio existe, basicamente, em compostos. Com o processo de extracção do hidrogénio desses mesmos compostos a continuar a implicar um certo dispêndio de energia.

Por outro lado, uma vez superada a questão da extracção, há ainda que ultrapassar a falta de infraestruturas, não apenas para produzir o gás, como também para armazená-lo e comercializá-lo, a preços e quantidades que justifiquem tal opção. Obstáculos que continuam ainda a ter de ser ultrapassados, mas que serão de mais fácil resolução.