Enquanto, em outras latitudes, como a China, a solução para a redução das emissões de gases que contribuem para o efeito de estufa parece passar pela imposição de quotas na produção de veículos, no Velho Continente, a União Europeia estará já a preparar um novo sistema de créditos de carbono, como forma de contribuir não só para a implementação da mobilidade eléctrica, mas também para que os construtores automóveis consigam atingir as novas metas. Que, revelam fontes ouvidas pela agência noticiosa Reuters, passam por um ambicioso corte nas emissões de gases de estufa de pelo menos 40%, face a 1990, até 2030.

A proposta, que segundo as mesmas fontes deverá ser conhecida na totalidade a 8 de Novembro, introduzirá novos limites nas emissões de CO2 para automóveis de passageiros e comerciais, já a partir de 2020. As previsões são de que os veículos de passageiros sejam obrigados a reduzir, em média, entre 25 e 35%, as emissões de CO2 até 2030, ao passo que, nos comerciais, o corte deverá situar-se entre os 30 e 40%. Valores que, ainda assim, só deverão ficar definidos numa reunião ao mais alto nível da Comissão Europeia, que terá lugar mais perto da data atrás referida.

Recorde-se que os construtores automóveis têm tentado que a obrigatoriedade de corte nas emissões não vá além dos 20%, ao mesmo tempo que têm pedido para que o cumprimento das novas normas fique dependente da forma como vier a ser a procura, da parte dos consumidores, pelos carros eléctricos.

Por outro lado, e em resposta às preocupações dos construtores quanto à falta de uma rede de carregamento capaz de responder às necessidades, da proposta da UE deverá fazer igualmente parte apoios na ordem dos 800 milhões de euros aos Estados-membros, regiões e cidades, para que estes construam mais postos de carregamentos. Isto, além de mais 200 milhões de euros, para desenvolvimento de baterias, já a partir de 2018 e até 2020.

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Fontes europeias e americanas também ouvidas pela Reuters garantem que o sistema de créditos de carbono que a UE pretende aplicar resulta de conversações com os reguladores da Califórnia – estado norte-americano que é visto como um exemplo a seguir, em termos de políticas no domínio dos veículos eléctricos. Embora, ao contrário do que acontece na Califórnia, na UE, estes créditos não possam ser transaccionados, sendo, sim, atribuídos de acordo com a performance dos construtores em termos de vendas de veículos de baixas emissões, face ao número total de veículos vendidos por esse mesmo fabricante.

Questionado sobre a proposta que a Comissão Europeia se prepara para apresentar no próximo mês, o comissário para o Clima, Miguel Arias Canete, afirmou:

Mais do que fixarmos um objectivo geral em termos de redução das emissões, para todos os veículos de passageiros e comerciais, estamos a considerar, pela primeira vez, diferentes tipos de incentivos capazes de ajudar a acelerar a implementação de veículos mais limpos… Sendo que eu, pessoalmente, não gosto de imposições ou quotas.”

Segundo o mesmo interlocutor, um sistema de créditos, mais que a imposição de quotas na produção, “permitirá uma abordagem mais flexível da parte dos fabricantes, ao mesmo tempo que representará um incentivo permanente à inovação”.