Franklin, Gert, Harvey, Irma, Jose, Katia, Lee, Maria, Nate e Ophelia. São estes os nomes dos dez furacões que, nas últimas dez semanas, se formaram no Atlântico e, em conjunto, causaram mais de cem mortos, principalmente nos Estados Unidos da América e na América Central. Não é uma situação sem precedentes, mas há mais de um século que não acontecia – os últimos casos de dez tempestades seguidas no Atlântico foram registadas em 1878, 1886 e 1893. Porque é que aconteceu de novo em 2017?

A época de furacões só termina em final de novembro, pelo que ainda se pode vir a estabelecer um recorde de 11 furacões. Peritos já tinham previsto que esta época seria mais atribulada do que o normal. O elevado número de formação de tempestades e furacões este ano deve-se, fundamentalmente, a dois fatores: um fraco El Niño e um Atlântico mais quente do que o normal.

Os fenómenos El Niño geram temperaturas mais elevadas no oceano Pacífico, que, por sua vez, criam ventos cortantes e variantes no Atlântico que podem prevenir furacões. Este ano, contudo, não houve tal fenómeno, criando condições neutras, livres da Oscilação Sul-El Niño. Isto significa que não houve nada que pudesse prevenir que pequenas tempestades se desenvolvessem e tornassem grandes sistemas.

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O oceano Atlântico, por sua vez, apresentou temperaturas mais quentes do que o normal. As temperaturas atlânticas são influenciadas por dois fatores: pela temperatura à superfície da água e pelo calor que está armazenado no oceano. Ao Business Insider, James Belanger, da The Weather Company, afirma que a explicação para as temperaturas deste ano não é simples e sugere que ventos mais fracos e lentos causaram uma menor evaporação do Atlântico, que assim não arrefeceu.

O aquecimento global é outro fator a ter em conta na maior temperatura do Atlântico, visto que os oceanos também absorvem calor da atmosfera. Os sistemas climáticos, consequentemente, absorvem calor da água, pelo que esta ajuda à intensificação de tempestades. As temperaturas deste ano acabaram, portanto, por propiciar um desenvolvimento mais rápido destes sistemas. A própria temperatura atmosférica mais quente, resultado do aquecimento global, propicia uma intensificação de tempestades e furacões mais rápida. No entanto, não se pode dizer que as alterações climáticas tenham causado diretamente alguma tempestade este ano.

Ophelia, o furacão no Atlântico mais a Este de que há registo

Agora no Reino Unido e Irlanda, o Ophelia é o furacão de categoria 2 mais a Este de que há registo. A Irlanda foi quem mais sentiu a força do furacão, que matou já três pessoas, causou danos à rede de eletricidade e obrigou a fechar escolas e universidades.

O primeiro ministro irlandês, Leo Varadkar, declarou “emergência nacional” e apelou a que as pessoas ficassem dentro de casa. Varadkar disse que esta era a pior tempestade dos últimos 50 anos na Irlanda, referindo que o último furacão, o Debbie em 1961, resultou em 11 mortos.

Nos países do Reino Unido o cenário não se afigura tão complicado. A Escócia, a Irlanda do Norte, o noroeste de Gales e o norte de Inglaterra estão apenas em aviso amarelo.