Elas estão aqui outra vez. A chuva de meteoros oriónidas regressa ao pico máximo de atividade esta noite e vai deixar no céu um rasto de entre dez e vinte estrelas cadentes por hora. Embora seja pouco — é uma chuva de fraca intensidade, de acordo com o Observatório Astronómico de Lisboa — não vai precisar de telescópios nem binóculos para as conseguir ver. Mas vai precisar de sorte: a previsão do Instituto Português do Mar e da Atmosfera diz que o céu vai estar nublado e que vai chover. Isso pode impedir a observação noturna. Mas não desista já de olhar em direção ao céu: as oriónidas vai ficar por cá até à primeira semana de novembro. E as nuvens devem dar tréguas aos amantes de astronomia já a partir de domingo.

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A última vez que o cometa Halley passou pela Terra foi em 1986. Deve regressar em 2061. É o único cometa a olho-nu a aparecer nos céus durante uma só geração.

As oriónidas são uma visita regular da Terra. Embora o cometa Halley só apareça por cá a cada cerca de 76 anos, ele deixa para trás detritos com os quais o planeta se cruza todos os anos. Esses detritos incendeiam-se ao atravessar a atmosfera terrestre, que nos protege de choques desta natureza, e dão origem a duas chuvas de meteoros: esta, que ocorre sempre em outubro, e a Eta Aquáridas, que ocorre sempre em maio. Os nomes com que foram batizadas são referências às constelações de que parecem surgir: as Oriónidas parecem ter origem da chuva de estrelas Orión; e as Eta Aquáridas parecem vir da constelação de Aquário.

Apesar de o estado não tempo não estar a favor dos observadores do céu, estas são as dicas que os astrónomos dão a quem queira testar a sua sorte ou escolher outra noite para ver as oriónidas a rasgar o céu. Em primeiro lugar, saiba como vai estar o tempo. A Lua vai ajudar: a fase de Lua Nova ocorreu esta quinta-feira, por isso esta noite apenas 1% da superfície do nosso satélite vai ser visível no céu. É tão pouco que não atrapalhará a observação noturna. O pior mesmo pode ser o estado do tempo: esta noite espera-se chuva ou céu nublado em todo o território nacional. Por isso não tenha muitas esperanças em conseguir ver a chuva de meteoros na sua plenitude. É possível que nem sequer consiga olhar para as estrelas esta noite. Mas não desista já: as oriónidas já nos têm visitado desde 2 de outubro e vão permanecer por cá até 7 de novembro.

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Depois, escolha um bom lugar. Para uma boa noite de observação noturna, é necessário que escolha um sítio longe das luzes da cidade para evitar a poluição luminosa causada pelos candeeiros e prédios das regiões urbanas. Certifique-se que chega a esse sítio entre a meia-noite e a uma da madrugada, porque é nas primeiras horas da manhã que a translação da Terra a coloca na região onde estão os detritos. Em Portugal, é importante que encontre um lugar com visão limpa na direção leste-sudeste, que é a região do céu onde a chuva de meteoros vai ocorrer. Se estiver no hemisfério sul, terá de olhar na direção leste-nordeste.

Encontre Orión. É daqui que vem o nome desta chuva de meteoros: os detritos mais velozes parecem vir dessa constelação. Para a encontrar basta identificar as três estrelas em linha reta que compõem o cinturão da constelação, que tem a forma de uma ampulheta, e identificar a estrela mais brilhante de todas dessa constelação: a Betelgeuse. À medida que a Terra gira sobre o seu próprio eixo, Orión vai parecer inclinar-se cada vez mais para o lado esquerdo até desaparecer no horizonte. Depois, procure o radiante, isto é, o ponto central de onde os meteoros parecem sair e que, neste caso, vai localizar-se à esquerda da constelação.

O céu noturno de outubro no Hemisfério Norte de acordo com o Observatório Astronómico de Lisboa. Encontre a estrela Betelgeuse e veja se consegue encontrar a constelação de Orion.