Os médicos querem ter mais tempo para ver os doentes e a Ordem dos Médicos (OM) já pediu aos colégios das especialidades para indicarem qual o tempo padrão que devem ter as consultas. O objetivo é em janeiro emitir uma recomendação e o tempo mínimo será superior a 15 minutos, avançou o bastonário Miguel Guimarães, esta terça-feira, num encontro com jornalistas.

“É preciso dar mais tempo aos médicos. É preciso ter tempo para ouvir os doentes. É preciso conquistar a confiança do doente até para que, muitas vezes, perceba que o que tem não é nada de especial”, defendeu o bastonário da Ordem dos Médicos, lembrando que “as boas práticas recomendam que exista tempo para os doentes poderem ser ouvidos pelo seu médico”.

Para o bastonário dos médicos esta é uma “matéria essencial” e, nesse sentido, a Ordem vai “tentar definir tempos padrão que sejam os mais justos possíveis”, seguindo-se “uma forte recomendação”. “O nosso objetivo é que os doentes sejam bem servidos.”

“Penso que não será necessário fazer um braço de ferro com o Ministério da Saúde porque tanto quanto sei é também vontade do ministro da Saúde que os doentes e médicos tenham mais tempo porque ele sabe que pode ser importante tanto para a qualidade da medicina exercida como para a economia do país porque assim temos pessoas mais informadas”, referiu.

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Atualmente os tempos das consultas são recomendados pela Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), mas fica ao critério de cada hospital e dos diretores de serviço “adaptá-los à sua realidade”. É comum os médicos terem quatro doentes marcados para uma hora certa, mais dois ou três um quarto de hora depois, explicou o bastonário. Isso porque, muitas vezes, os médicos “têm doentes, nomeadamente oncológicos, que têm uma determinada janela terapêutica e têm de ser observados naquela altura”. “Todos estamos a fazer isso porque há uma insuficiência grande de pessoas no SNS, mas não podemos continuar a fazer isto porque a possibilidade de cometer erros é maior”, alertou o médico urologista.

A ideia da Ordem é tentar definir três ou quatro tipos de tempos, adaptados às diferentes especialidades, sendo que, por exemplo, especialidades como psiquiatria, medicina interna e neurologia têm de ter uma duração maior como, aliás, já têm nos tempos que correm.

“O tempo mínimo será variável, mas nunca será menos de 15 minutos. Depois há doentes que vamos demorar cinco minutos e há doentes que vamos demorar mais 15 ou 20 minutos do que é o tempo padrão”, admitiu.