O sem-abrigo português, de 35 anos, que morreu esta quarta-feira ao frio numa estação de metro, perto do Parlamento britânico, tinha sido deportado duas vezes. Fonte do Governo à agência lusa disse que o português foi deportado em 2014 e, dois anos mais tarde, em 2016.

Em 2014 foi deportado para Portugal pelas autoridades britânicas. Nesse regresso foi apoiado através da colaboração entre a Direção-Geral de Assuntos Consulares e das Comunidades Portuguesas e a Segurança Social”, explica fonte do Gabinete do Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, ao jornal Expresso.

Dois anos depois, “o cidadão voltou a ser deportado do Reino Unido, por se encontrar ilegalmente no país, sem que tivesse sido formulado qualquer pedido de apoio aos serviços consulares”. Desde essa altura que as autoridades não sabiam onde se encontrava o cidadão português.

Num comunicado, citado pela agência lusa, o gabinete do secretário de Estado das Comunidades Portuguesas revelou que o homem “estava inscrito no consulado geral de Portugal em Londres desde 2008”.

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Serviços Consulares ainda não conseguiram contactar familiares

“Não é conhecida a existência de familiares diretos deste cidadão em Portugal” pelo que os Serviços Consulares “têm procurado contactar a família do cidadão português falecido em circunstâncias trágicas na capital britânica, o que ainda não se revelou possível”. Não se exclui a possibilidade de os familiares poderem “residir noutros países, nomeadamente em Angola, onde o cidadão tinha raízes familiares”.

Os serviços consulares, acrescenta o mesmo comunicado, continuam a “acompanhar este processo, junto das autoridades britânicas”, nomeadamente no que diz respeito à identificação, autópsia e aos procedimentos administrativos relacionados com a libertação do corpo e o registo do óbito.

A polícia britânica, contactada esta sexta-feira pela agência Lusa, referiu que está a preparar um relatório sobre este caso para entregar ao ‘coroner ‘, o juiz de instrução que dirige o inquérito a mortes inesperadas sem causa natural.

Corbyn indignado com morte de sem-abrigo português, um antigo modelo de 35 anos

O cidadão português foi encontrado morto na quarta-feira na estação de metro de Westminster, perto do Parlamento britânico, em Londres. O caso comoveu o líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, que enviou flores em homenagem ao sem-abrigo. “Isto não devia ter acontecido. Como país, temos de parar de fazer de conta que não é nada connosco. Descansa em paz”, escreveu num postal.

Esta sexta-feira, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, lamentou a morte do cidadão português, “em circunstâncias desumanas”. O chefe de Estado português manifestou também a sua “solidariedade para com as pessoas que vivem em condições precárias, sem teto ou sem casa, apelando ao esforço de todos para a sua inclusão na sociedade”, acrescentava a nota, publicada hoje de manhã no portal da Presidência da República.