Ainda se recorda do dia em que arrancaram os Jogos Olímpicos de Inverno? Houve a cerimónia de abertura, a polémica com o porta-estandarte dos Estados Unidos nesse momento e a notícia de um invulgar jogo de curling na fase de grupos entre dois irmãos americanos e o casal a representar os Atletas Olímpicos da Rússia. Que os primeiros até ganharam, acrescente-se. Mas longe de nós pensar que os europeus continuariam a ser tão falados, pelas melhores e pela razões.

Os irmãos (um deles igual ao Super Mario) ganharam ao casal: eis o primeiro EUA-Rússia, no curling

Nessa altura, aquilo que mais se comentava no Gangneung Curling Centre era mesmo a parecença física entre Matt Hamilton e o Super Mario, aquela mítica personagem da Nintendo. No entanto, não demorou até que as atenções se centrassem na adversária desse jogo, Anastasia Bryzgalova (bem mais do que Alexander Krushelnitskiy).

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Aos 25 anos, a russa que estuda Educação Física, Desporto e Saúde na Universidade de Lesgaft com o marido (conheceram-se no estabelecimento de ensino, começaram a namorar e entretanto casaram) foi elevada a musa dos Jogos Olímpicos de Inverno, havendo mesmo inúmeros jornais internacionais a compararem-na com as atrizes Angelina Jolie e Megan Fox.

Assim, e enquanto iam ganhando jogos (sim, porque aquela derrota com os Estados Unidos foi um mero percalço sem grande influência na qualificação para as meias-finais), os atletas foram um dos principais destaques na zona mista após os encontros. “O Sasha pediu-me em casamento na Praça Vermelha, onde fomos passear quando estávamos em estágio em Novogorsk. Ele simplesmente ajoelhou-se e eu disse logo que sim”, contou Anastasia ao Sputnik, ao mesmo tempo que explicou que, apesar de ainda não o ter feito, vai alterar o apelido: “Isso não me chateia nada porque, para mim, o reconhecimento não é tudo. Ter fama não é o meu objetivo prioritário de vida”. E as comparações? “É muito gratificante receber esse tipo de elogios, mas as medalhas aqui não são atribuídas em função da beleza”, acrescentou ainda ao Sportbox.

E a dupla lá foi prosseguindo em competição, sendo também destacado pelos resultados desportivos: superada a fase de grupos, que deixou das duplas de China, Coreia do Sul, Estados Unidos e Finlândia arredadas da luta pelas medalhas, os russos foram derrotados nas meias-finais pela Suíça por 7-5 mas ganharam o bronze no encontro de apuramento do terceiro e quarto classificados, vencendo a Noruega por 8-4 num jogo marcado por uma aparatosa queda de Anastasia Bryzgalova.

O casal maravilha alcançou o grande objetivo de chegar ao pódio, mas depois de todo o destaque positivo conseguido por Anastasia ao longo da prova, agora o foco mudou para Alexander Krushelnitskiy e pelas piores razões: o atleta acusou meldonium (ou meldronato) num primeiro controlo anti-doping realizado durante os Jogos Olímpicos de Inverno, a mesma substância que, por exemplo, valeu uma severa punição à tenista Maria Sharapova.

Sharapova está longe de ser a única

Como explica o ABC, a confirmação só poderá ser dada depois de realizada a prova B, mas a informação passada por uma das fontes da investigação levada a cabo após a análise inicial foi confirmada por um porta-voz da delegação russa, país que já tinha visto o seu Comité Olímpico banido destes Jogos (daí que sejam nomeados por Atletas Olímpicos da Rússia).

Rússia afastada dos Jogos Olímpicos de Inverno

“Conheço-os há muito tempo e só mesmo uma pessoa louca é que toma substâncias proibidas antes de uma competição, sobretudo uma competição como os Jogos. É uma história muito estranha, que levanta perguntas”, disse Dmitry Svishchev à Reuters.  “Espero que não se confirme porque ficarei muito triste pela nossa equipa, que trabalhou muito, acabou em quarto e já nem sequer está cá, regressou ao nosso país”, comentou Thomas Ulsrud, chefe de Missão da Noruega.

“Por um lado, seria extremamente desapontante se tivessem sido usadas substâncias proibidas mas, por outro, mostra que o sistema anti-doping nos Jogos é efetivo e protege os direitos dos atletas ‘limpos’. Ainda assim, e em termos de investigação, todos os testes são independentes do COI”, salientou, para já, o porta-voz do Comité Olímpico Internacional, Mark Adams. Para já, desconhecem-se ainda os próximos passos no caso, sobretudo a data em que o atleta será ouvido.