Cerca de 24 horas depois de o Conselho de Segurança das Nações Unidas ter chegado a acordo para estabelecer um cessar-fogo de 30 dias em toda a Síria, as forças leais ao regime de Bashar al-Assad voltaram a atacar a cidade sitiada de Ghouta, matando 14 pessoas, entre as quais se incluem quatro crianças e três mulheres.

Os ataques foram feitos com artilharia e também com aviões militares, que chegaram a atingir uma casa, na aldeia de al-Rihan, nos arredores de Ghouta. Na cidade de al-Shifonyyah, também perto daquele enclave anti-Assad, um bombardeamento aéreo levou a que os atingidos sufocassem.

“Não há informação quanto às razões para a sufocação sentido pelos cidadãos, que matou uma criança, sendo que o número de vítimas mortais deverá subir porque haver pessoas em estado grave”, lê-se no site do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

A informação é avançada pelo OSDH, uma ONG sediada no Reino Unido que, através de uma vasta rede de contactos em toda a Síria, tem vindo a documentar grande parte do conflito que domina o quotidiano daquele país desde 2012.

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Segundo o OSDH, desde 18 de fevereiro deste ano já morreram 521 pessoas, entre as quais 131 crianças e 78 mulheres, na cidade de Ghouta. Situada nos arredores de Damasco, esta cidade é um dos poucos enclaves que as tropas de Bashar al-Assad, com a ajuda da Rússia, Irão e do Hezbollah, ainda não conseguiram reconquistar aos rebeldes. Ghouta está sitiada desde 2013 e é, neste momento, o palco de uma das maiores crises humanitárias da guerra na Síria.

O cessar-fogo decretado pelo Conselho de Segurança da ONU excluía o combate a forças terroristas, como o Estado Islâmico, al-Qaeda e a frente al-Nusra. Porém, ao causar vítimas entre civis, incluindo crianças e mulheres, este cessar-fogo demonstra ter a mesma fragilidade de outros passados, que foram igualmente quebrados pelas várias partes deste conflito.

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