Feliciano Barreiras Duarte está cada vez mais isolado na cúpula do PSD. O presidente social-democrata, Rui Rio, vai a Bruxelas na próxima quarta-feira (21) e quinta-feira (22) e, inicialmente, foi comunicado aos serviços do partido que se faria acompanhar do secretário-geral à cimeira do Partido Popular Europeu. Após as polémicas que têm envolvido Feliciano Barreiras Duarte, apurou o Obsevador, Rui Rio decidiu levar um outro membro da Comissão Política Nacional à reunião do PPE — onde estará, por exemplo, a chanceler alemã Angela Merkel –, bem às reuniões laterais com outros responsáveis da direita europeia. O Observador apurou ainda que a demissão é um dos cenários que está a ser ponderado pelo secretário-geral.

Além da pressão, mais ou menos pública, que membros da direção de Rui Rio têm feito para a saída do secretário-geral — como a do vice-presidente Castro Almeida — Feliciano Barreiras Duarte desapareceu completamente do mapa para conseguir ultrapassar este momento difícil. Desde logo, ao contrário do que foi anunciado, Rui Rio não o levou ao congresso do CDS dois dias depois do Sol noticiar que tinha utilizado abusivamente o estatuto de visiting scholar na Universidade da Califórnia, em Berkeley. Depois disso, Feliciano foi substituído esta semana na Comissão Parlamentar de Segurança Social e Trabalho, à qual preside, e faltou também a duas sessões plenárias. Agora, já não irá com Rio a Bruxelas.

Feliciano Barreiras Duarte está a ser vítima de “fogo amigo”, vindo de dentro da própria direção de Rui Rio. O vice-presidente do PSD, Manuel Castro Almeida, disse em entrevista à Antena 1 que o secretário-geral do PSD deve ponderar “se tem ou não condições” para continuar no cargo. O vice-presidente do PSD lamentou que o caso se arraste “há algum tempo” e garantiu: “Isto não aconteceria comigo”. Feliciano e Castro Almeida estão longe de ter uma boa relação.

Polémica do currículo. Castro Almeida diz que Barreiras Duarte deve ponderar se fica no cargo

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Os jornais de sábado apontam a porta de saída a Feliciano Barreiras Duarte. O Diário de Notícias escreve que Rui Rio espera que Feliciano Barreiras Duarte ponha o lugar à disposição, uma vez que não o quer demitir diretamente. O Expresso dá conta que Feliciano não esteve na terça-feira na reunião da Comissão Permanente (o Observador apurou que ele foi num dos dias desta semana à São Caetano à Lapa) e que ninguém na cúpula do partido põe as mãos no fogo pela sua permanência.

A ofensiva de que Feliciano Barreiras Duarte foi alvo na imprensa está a ser vista no partido como uma pressão por parte do inner circle de Rui Rio para que o secretário-geral coloque o lugar à disposição. O antigo secretário de Estado, José Eduardo Martins — que esteve no Governo de Barroso, tal como o agora secretário-geral do PSD — lembra na sua página no Facebook que conhece o “Feliciano desde os primeiros tempos na JSD”. E acrescentou, com violência: “Não houve, portanto, pelo menos para esses como eu qualquer surpresa nesta pequena história tão camiliana.. Nem surpreende que ninguém, nem uma alminha, se empenhe a defendê-lo… a vida dá sempre colheita das sementes que plantamos”.

José Eduardo Martins parece ainda enviar um recado a Rui Rio ou a alguém próximo do líder, sugerindo que Feliciano vai resistir sem colocar o lugar à disposição: “Já quem mandou contar aos jornais todos que está à espera que ele se demita, talvez tenha a surpresa que no resto não houve”. Ao que o Observador apurou, Feliciano Barreiras Duarte, está a avaliar todos os cenários, inclusive, apresentar a demissão. O Observador contactou o gabinete de imprensa de Rui Rio, mas não obteve qualquer resposta até à hora de saída deste artigo.