“Pablo e eu escolhemos um caminho que nos próximos meses irá agitar as nossas emoções, transformar o meu corpo e preencher as nossas vidas de beleza e de algumas noites sem dormir.” O anúncio foi feito no Facebook pela porta-voz do partido espanhol Podemos, Irene Montero, na primeira vez em que falou no seu relacionamento com o líder do partido, Pablo Iglesias. Dada a notícia de que vão ser pais de gémeos, a questão prática que agora se debate em Espanha: então quando estiverem de licença parental, quem os substitui no partido?
Irene Montero sempre recusou falar na sua relação com o líder do partido, embora a comunicação social diga que vivem juntos há pelo menos dois anos. A intimidade foi quebrada com o anúncio da gravidez de 13 semanas de gémeos, que veio agora levantar a questão: se o líder do partido e a porta-voz estão fora, como fica o partido? Existirão implicações políticas?
Segundo o El País, a relação sentimental de ambos pode afetar a vida política do partido. Por serem deputados, explica o jornal, os dois não gozam oficialmente de licença de maternidade e paternidade — uma vez que o seu direito a voto parlamentar não é delegável. Há seis anos que é possível, no entanto, votar à distância, mas a lei só o permite em situações específicas previstas no regimento do parlamento.
O partido Podemos sempre defendeu licenças de maternidade e paternidade iguais para ambos os progenitores. Atualmente a lei espanhola prevê 18 semanas de licença para a mãe — porque são gémeos — enquanto os pais têm direito a quatro semanas (mais dois dias a partir do segundo filho). Os dois, como em Portugal, podem optar por trocar entre eles os períodos de ausência, por gozar ao mesmo tempo ou um de cada vez.
Se Iglesias e Montero optarem pela lei geral, falamos numa ausência de quatro meses que terá de ser assegurada por alguém. Até agora o Podemos ainda não avançou qualquer informação sobre os seus planos. No parlamento, Ione Belarra é a porta-voz adjunta de Irene Montero, podendo eventualmente substitui-la. E o cargo mais importante, depois do de secretário-geral ocupado por Iglesias, é o de secretário de Organização, ocupada por Pablo Echenique.
Ainda segundo o El País, a gravidez do casal abre uma interrogação no futuro do partido, uma vez que Montero sempre amibicionou suceder a Iglesias no cargo de secretário geral do partido. O Código de Ética do partido não interdita a eleição de familiares dos atuais líderes, apenas prevê que se evite a contratação de empresas com ligações a familiares aos membros do partido ou onde estes tenham interesses económicos.
As eleições para a liderança do partido serão daqui a dois anos, quando os gémeos completarem um ano e meio.