O líder do PCP fez este domingo duras críticas ao Governo, mas avisou que isso não significa uma rutura com o PS, e apresentou o seu partido “não como uma força de bloqueio, mas como força de construção”.

Num almoço com apoiantes numa escola da Amadora, Jerónimo de Sousa fez “uma censura” ao comportamento do executivo liderado por António Costa, com quem o PCP tem um acordo parlamentar, por dar dinheiro à banca e não resolver de vez o problema das pensões de muito longa duração.

Perante isto, e ouvido em silêncio por algumas dezenas de apoiantes, Jerónimo fez a pergunta e deu a resposta.

“Foram muitos os camaradas que disseram ‘então isto acabou, acabou o entendimento, a convergência”, afirmou, para responder “não” logo em seguida.

O secretário-geral dos comunistas promete continuar a tratar “como até aqui” o entendimento firmado com os socialistas, em 2015, após as legislativas em que o parlamento elegeu uma maioria de deputados da esquerda, apesar de as eleições terem sido ganhas pelo PSD e CDS.

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Depois, enunciou as condições dos comunistas para os tempos mais imediatos, repetindo que “o primeiro e principal compromisso” do PCP “é com os trabalhadores e com o povo e não com o PS”.

Em terceiro lugar, “sempre mas sempre”, o PCP promete não perder oportunidade de “conseguir novos avanços, novos direitos e novas conquistas”.

Para Jerónimo, muito aplaudido pelos apoiantes, o PS e o Governo revelam “dois pesos e duas medidas” quando “dão” ou “empestam” 800 milhões de euros à banca e alegam que “não há dinheiro” para os aumentos na função pública, para o investimento no Serviço Nacional de Saúde e para as pensões sem cortes para os pensionistas com muito longas carreiras.

“Aqui [com a banca] é trigo limpo, farinha Amparo, tomem lá 800 milhões de euros”, afirmou.

E até ironizou com a resposta dada pelo primeiro-ministro, António Costa, num debate quinzenal — “A gente não dá, empresta” –, causando risos na assistência.

“E como vai ser o retorno? dez anos, 20, 50? Não tivemos resposta”, acrescentou ainda.

Especialmente crítica foi a posição do líder comunista relativamente à atitude do Governo quanto à legislação laboral, em que o PS resiste às ideias da esquerda de repor a lei como estava antes da intervenção da “troika”, em 2011.

Jerónimo de Sousa não se espanta que PSD e CDS de dizer “alto e para o baile” quanto a mudanças nas leis laborais.

“O grande problema é que o PS, nesta matéria, fez as mesmas opções do que o PSD e o CDS e isso merece a nossa denuncia e crítica”, concluiu.

Tendo em conta o programa do PS, afirmou ainda, não pode haver ilusão de que “os avanços e conquistas” só foram possível “pela ação do PCP” e com o acordo de base parlamentar que, com o PS, PEV e BE, permitiu formar Governo em 2015.

O que levou o secretário-geral comunista a concluir que “faz falta o PCP” ao “faz falta o PCP ao povo português”.