O ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, afirmou esta quarta-feira, no parlamento, em Lisboa, que “há luz verde” para que se inicie a empreitada de recuperação “urgente” dos Carrilhões de Mafra.

O ministro da Cultura falava aos deputados da Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, na qual está a ser ouvido no quadro de uma audição regimental, para apreciação da política geral do Ministério da Cultura.

“Os trabalhos da recuperação urgente dos Carrilhões de Mafra estarão prestes a começar. Obtido o visto de Tribunal de Contas, há luz verde para que a empreitada se inicie. É o fim de um impasse de 14 anos, iniciado em 2004, quando se procedeu ao escoramento dos sinos”, disse o responsável pela tutela da cultura.

A tutela foi questionada em março pelo PSD e pelo presidente da Câmara Municipal de Mafra, Hélder Sousa Silva (PSD), sobre a falta de um plano de manutenção para os órgãos históricos do Palácio de Mafra, um conjunto organeiro único no mundo restaurado há dez anos.

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Sobre a requalificação dos sinos e dos carrilhões do Palácio, os sociais-democratas tinham pedido “urgência no início das obras que estão por começar há inexplicavelmente dois anos”, depois de, na semana passada, o Tribunal de Contas ter concedido visto à empreitada e o Governo ter publicado uma portaria de extensão dos respetivos encargos para 2018 e 2019.

Neste dia, o ministro sublinhou que a tutela “tem um projeto” para Mafra, que é a transferência do Museu da Música, sobre o qual já estabeleceu acordo com a autarquia local para instalar os instrumentos em dois pisos do Palácio Nacional de Mafra. O Museu Nacional da Música encontra-se instalado num espaço provisório desde 1994, disponibilizado pelo Metropolitano de Lisboa, na estação do Alto dos Moinhos.

O Museu da Música detém “uma das mais ricas coleções da Europa”, de acordo com a sua apresentação, contando com cerca de 1.400 instrumentos, entre os quais o cravo de Joaquim José Antunes (1758), o cravo de Pascal Taskin (1782), o piano Boisselot, que o compositor e pianista Franz Liszt trouxe a Lisboa, em 1845, e o violoncelo de Antonio Stradivari, que pertenceu ao rei D. Luís.

Espólios documentais, acervos fonográficos e iconográficos, como os de Alfredo Keil, autor do Hino Nacional, fazem igualmente parte do Museu da Música.

Mandado construir por João V no século XVIII, o Palácio Nacional de Mafra é detentor do maior conjunto sineiro do mundo, composto por dois carrilhões e 119 sinos, e seis órgãos históricos, concebidos para tocarem em conjunto, o que constitui caso único em todo o mundo. O restauro dos órgãos, concluído em 2010 pelo mestre Dinarte Machado, foi distinguido em 2012 com o Prémio Europa Nostra, da Comissão Europeia.