Não podia ter começado pior. Logo ao minuto três, Thomas Müller cruza à direita para a grande área, Sergio Ramos corta, um tanto acrobaticamente, ao primeiro poste, mas corta mal, para uma zona onde se encontrava o lateral Joshua Kimmich à espera da bola. Kimmich não hesitou, rematou-a, e bateu Navas. O Bayern empata cedo a eliminatória no Bernabéu. Mas a verdade é que o Real, fruto dos dois golos marcados fora — sofreu só um na Alemanha –, continuava em vantagem.

Os merengues não sentiriam a pressão. E o empate chegou ao minuto 11. Bola despejada longa na esquerda, para Marcelo, o brasileiro cruza, Alaba esqueceu-se de Benzema ao segundo poste e o francês, de cabeça, bateu Ulreich. Isto dito assim, tão breve, até faz crer que foi golpe de sorte. Não foi. Ao todo, e até chegar a Marcelo para Marcelo cruzar, a “redondinha” tocou as botas de jogadores madrilenos 28 vezes. Foram 81 segundos de posse. E o Bayern de candeias às avessas.

Até ao intervalo, tudo foi repartido, vezes houve em que ascendia o Bayern, outras os de Madrid, até nas ocasiões para alcançar a vantagem foi repartido. Primeiro, ao minuto 33, Lewandowski, desmarcado por Ribéry, surge na grande área, remata cruzado e Navas defende, por capricho a bola sobrevoa a baliza, quase em câmara lenta, todos a veem e ninguém a tocou, e quando finalmente desce, James faz a recarga, recarga que saiu acima da barra. UfffffPouco depois, apenas seis minutos depois, Ronaldo, o até aquele minuto 39 apagado Ronaldo, rompeu pela direita e remata forte de pé esquerdo. Ulreich defende, a custo, rente ao poste.

Esperar-se-ia que o recomeço tivesse a mesma toada da primeira parte. Não foi assim. E não foi por culpa do guarda-redes do Bayern, Ulreich, que destoou. Tolisso, pressionado à saída da grande área, atrasa a bola para Ulreich, Ulreich escorrega, não chuta a bola para lá do sol posto, segurar não poderia, deixa-a passar e esta ficou à boca da baliza. Benzema encostou, talvez no golo mais fácil (e caricato) que o francês já marcou.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Tudo resolvido? Nem por sombras, nem por sombras… E o Bayern até esteve mais perto de marcar do que o Real. Ao minuto 50, Alaba, vindo da esquerda para dentro, rematou de canhota, pé “cego” do austríaco, o remate foi forte mas à figura de Navas, que defende. A única ocasião digna de assim se chamar foi quatro minutos depois. Não foi uma chance mas logo duas, uma a seguir à outra, que Ronaldo não aproveitou. Primeiro chegou atrasado a um cruzamento à direita de Asensio. E depois finalizou mal, outra vez mal, um cruzamento açucarado de Marcelo, num remate que saiu bem acima da barra.

O Real foi segurando, ou tentando, o meio-campo, com a entrada de Casemiro, reforçou a defesa com o “batido” Nacho e tentou prender o Bayern com a frescura (e mais fresco é mais veloz) de Bale. A intenção era boa. Mas Heynckes é raposa velha, deixou-se de rodriguinhos, de tentar lá chegar com a bola no pé, fez entrar Martínez e Wagner, dois matulões, subiu Hummels, outro que de baixo não tem nada, e o Bayern foi despejando bolas atrás de bolas para a grande área do Real. Esteve perto de marcar o Bayern ao minuto 74. Alaba cruza à esquerda para o poste mais distante, Lewandowski amortece e Tolisso remata assim que recebe a bola. Navas faz uma defesa à queima-roupa e impede o terceiro dos alemães.

Contas feitas, o Real chega à final da Champions pelo terceiro ano consecutivo e pelo terceiro ano consecutivo pode erguer, ou reerguer, o caneco.