O serviço de oncologia do Hospital de Santa Maria não está a conseguir dar resposta a todos os utentes que procuram o serviço. Responsáveis já foram obrigados a adiar tratamentos oncológicos e admitem, pela primeira vez na história daquele hospital, abrir uma lista de espera no serviço de oncologia.

Este cenário foi assumido pelo próprio diretor da Oncologia do Hospital de Santa Maria, Luís Costa, que, em entrevista à TSF, reconheceu que o serviço que dirige não tem, neste momento, capacidade para responder a todos os doentes que procuram o serviço.

“Estou quase a abrir [lista de espera] porque não tenho médicos para tantos doentes nem tenho espaço. Começámos na semana passada, não conseguimos tratar os doentes que estavam previstos e tivemos que adiar [os tratamentos] uma semana”, assumiu Luís Costa.

Segundo o também presidente da Associação Portuguesa de Investigação em Cancro, as coisas mudaram drasticamente depois de o Governo ter dado aos doentes a hipótese de escolherem onde querem ser tratados, ainda em 2016. Ora, sendo o Santa Maria uma referência nesta área, a procura disparou de forma abrupta, sendo que não há meios para acudir a todos.

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A isto somam-se os problemas crónicos que afetam este e outros hospitais. De acordo com Luís Costa, faltam médicos porque as vagas não são abertas e não existe espaço físico para acolher todos os doentes. “É impossível servir os doentes com qualidade mínima. Todos os tratamentos em cancro são urgentes”, alertou o responsável.

“Falta a alocação de recursos para as necessidades que foram criadas. Tenho pessoas que queriam ficar no meu serviço, mas não são abertas vagas para isso. Estou cada vez com mais doentes, preciso de mais médicos, há médicos que querem ficar no serviço com o ordenado que é oferecido no sistema nacional de saúde e não são abertas vagas para as pessoas poderem ficar. Hoje despedimo-nos de uma delas, que vai embora”, denunciou o responsável.

Nessa entrevista à TSF, Luís Costa não deixou de criticar a falta de planeamento político a médio e a longo prazo, sugerindo que o Ministério da Saúde devia pensar antes de aprovar medidas populistas que complicam, em muito, a capacidade de resposta dos hospitais.