A cidade de Bambari, na República Centro-Africana, a 300 quilómetros da capital, Bangui, tornou a registar confrontos, na noite de quarta-feira, entre milícias rivais, noticiou a AFP, que cita fontes policiais.

Disparos de armas pesadas foram ouvidos ao longo da noite, em particular junto ao hospital da prefeitura da cidade. A calma regressou na manhã desta quinta-feira, com os soldados da Missão da Organização das Nações Unidas (ONU) no país a controlarem a cidade. Os confrontos provocaram vítimas, adiantaram as fontes, sem darem mais detalhes.

Os confrontos opuseram os milicianos da União para a Paz na República Centro-Africana (UPC, na sigla em francês), uma das milícias saídas da ex-rebelião Seleka, com os de uma outra de “autodefesa” e começaram quando os membros da UPC quiseram retirar do hospital correligionários que lá estavam internados.

Bambari foi palco de violência intercomunitária em meados de maio, nos quais nove pessoas perderam a vida, incluindo um membro local de uma organização não-governamental (ONG) e um enfermeiro parteiro de uma estrutura sanitária da cidade, segundo a ONU.

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As instalações da polícia, da autarquia, da igreja, de várias ONG e as próprias bases das Nações Unidas têm sido atacadas por homens armados “alegados membros” do UPC, segundo a ONU. Ainda em maio, nove organizações humanitárias foram pilhadas em Bambari.

No final de maio, militares portugueses ao serviço da Minusca estiveram envolvidos em “intensos confrontos armados” ao início da tarde de quarta-feira, em dois dias consecutivos.

No dia 30, uma patrulha militar portuguesa foi atacada no centro de Bambari e, no dia seguinte, os militares portugueses foram chamados a intervir, na sequência de um ataque à esquadra policial situada também no centro da cidade, onde “foram recebidos por intenso fogo opositor de várias direções”, tendo “entrado em combate com elementos de grupos armados”.

Bambari, no meio de várias zonas de influência de grupos armados, gozou até ao mês passado de uma relativa acalmia, depois da intervenção da Minusca, no início de 2017, para desalojar a UPC, que lá tinha instalado a sua base.

Desde 2013 que a República Centro-Africana vive em conflito. O derrube do então Presidente François Bozizé pela ex-rebelião Seleka provocou uma contraofensiva de milícias de “autodefesa” antibalaka.

Grupos armados e milícias confrontam-se esta quinta-feira pelo controlo dos recursos deste país, com 4,5 milhões de habitantes, classificado ente os mais pobres do mundo, mas rico em diamantes, ouro e urânio.

Portugal é um dos países que integra a Minusca, tendo, no início de março, a 3.ª Força Nacional Destacada – composta por 138 militares, dos quais três da Força Aérea e 135 do Exército, a maioria oriunda do 1.º batalhão de Infantaria Paraquedista -, partido para a República Centro-Africana. Estes militares juntaram-se aos 21 que já estavam no terreno, sediados no aquartelamento de Bangui, desde 18 de fevereiro.