O Presidente da República considerou este sábado que haverá “bom senso” entre os partidos na Assembleia da República para não criar uma crise política, numa altura em que a União Europeia vive um momento difícil.

“Todos sabem como este momento europeu é um momento difícil, que obriga a decisões difíceis, que são complicadas para todos, também para Portugal. Ninguém quer juntar às complicações que vêm de fora complicações de dentro. Esse bom senso faz com que não haja a temer qualquer tipo de crise ou qualquer tipo de problema com o Orçamento de Estado” de 2019, adiantou.

Marcelo Rebelo de Sousa falava à margem das comemorações do 10 de Junho, em Ponta Delgada, em resposta a uma questão sobre a possibilidade de a aprovação do último Orçamento de Estado desta legislatura estar em risco, face a declarações recentes dos líderes do BE e do PCP, que dão apoio parlamentar ao Governo minoritário do PS.

Marcelo elogiou Forças Armadas na República Centro-Africana

Marcelo elogiou a intervenção das Forças Armadas portuguesas na República Centro Africana, salientando que são um motivo de “orgulho” para Portugal.

Sempre que foi necessário intervir, intervieram a tempo e muito bem e em muitos casos foram mesmo a última instância de intervenção, o que é uma tentação enorme para passarem a ser a primeira instância de intervenção”, adiantou.

A cidade de Bambari, na República Centro-Africana registou confrontos, na noite de quarta-feira, entre milícias rivais, depois de em maio nove pessoas terem perdido a vida num confronto e nove organizações humanitárias terem sido pilhadas. No final de maio, militares portugueses ao serviço da Minusca estiveram envolvidos em “intensos confrontos armados”, em dois dias consecutivos.

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No dia 30, uma patrulha militar portuguesa foi atacada no centro de Bambari e, no dia seguinte, os militares portugueses foram chamados a intervir, na sequência de um ataque à esquadra policial situada também no centro da cidade, onde “foram recebidos por intenso fogo opositor de várias direções”, tendo “entrado em combate com elementos de grupos armados”.

Questionado sobre o aumento dos confrontos, Marcelo Rebelo de Sousa salientou o contributo da presença portuguesa para “a afirmação da paz” na República Centro Africana. “Sabemos que nestas intervenções todas, onde quer que sejam, pela sua natureza, há riscos, mas as Forças Armadas existem precisamente para enfrentar os riscos e a diferença está entre aquelas que enfrentam os riscos de uma forma positiva, virtuosa e com sucesso e as que têm mais dificuldade em fazê-lo. E nós temos estado não é à altura das circunstâncias, é em cima das circunstâncias”, frisou.

O Presidente da República disse ainda estar “orgulhoso” por ter ouvido elogios de outros chefes de Estado ao desempenho das Forças Armadas portuguesas. “O Secretário Geral das Nações Unidas recentemente reconheceu que éramos os melhores dos melhores, mas além disso chefes de Estado dos mais diversos países, de outros continentes e até europeus, têm elogiado o papel das nossas Forças Armadas, também na República Centro-Africana”, apontou.

Desde 2013 que a República Centro-Africana vive em conflito. O derrube do então Presidente François Bozizé pela ex-rebelião Seleka provocou uma contraofensiva de milícias de “autodefesa” antibalaka. Grupos armados e milícias confrontam-se hoje pelo controlo dos recursos deste país, com 4,5 milhões de habitantes, classificado ente os mais pobres do mundo, mas rico em diamantes, ouro e urânio.

“Líderes como o líder do PSD e a líder do CDS estão espiritualmente”

O Presidente da República desvalorizou também o facto de os líderes da oposição não marcarem presença nas comemorações do 10 de Junho, que este ano decorrem entre Ponta Delgada, nos Açores, Boston e Providence, nos Estados Unidos. “O senhor primeiro-ministro está comigo fisicamente, líderes como o líder do PSD e a líder do CDS estão espiritualmente, porque — e muito bem — com o meu conhecimento e a minha concordância viajaram para junto de comunidades portugueses da Guiné Bissau e de Timor-Leste, respetivamente. Os líderes do PCP e do BE estão em território físico de Portugal, naturalmente vibrando, não diretamente com as comunidades, mas com os portugueses que se encontram neste território físico”, salientou.