O Mundial de 2018 caminha a passos largos para o final. Num momento em que faltam disputar apenas quatro jogos – as duas meias-finais, o jogo de atribuição do terceiro e quarto lugar e a final – a FIFA voltou a reduzir o número de árbitros presentes na competição. São agora 12 os juízes principais que estão na Rússia e entre eles está Björn Kuipers, um dos quatro da UEFA que ainda resistem e que tem sido apontado como candidato ao encontro decisivo.

Nascido na cidade de Oldenzaal, na Holanda, há 45 anos, Kuipers tem uma história que vai desde as críticas aos árbitros quando era jogador até ao negócio dos supermercados. Já apitou várias finais, duas delas com equipas portuguesas e uma em Portugal.

“Chega. Se calhar é melhor seres árbitro e tentares ser tu a arbitrar”

Habituado aos maiores palcos do futebol mundial, Björn Kuipers não se inibe quando tem que repreender algum jogador. Foi assim, por exemplo, no jogo da fase de grupos entre Brasil e Costa Rica, onde o árbitro holandês foi obrigado a dar um “raspanete” a Neymar. Não se sabe o que terá dito ao jogador do PSG, mas Kuipers não parecia nada satisfeito com o avançado brasileiro.

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Sabe que os jogadores têm que respeitar o árbitro e tenta impor a sua autoridade em campo. Mas a história que levou Kuipers até ao mundo da arbitragem até começa com um miúdo que queria ser jogador mas que complicava (e muito) a vida aos juízes: “Quando tinha 16 anos era jogador de futebol e não era muito bom para os árbitros. Estava sempre a criticá-los, às vezes demasiado. O meu pai também foi árbitro e costumava ver os meus jogos. Uma vez disse: ‘Chega. Se calhar é melhor seres árbitro e tentares ser tu a arbitrar.’ E foi assim que me tornei árbitro”, contou numa entrevista à FIFA a propósito do Campeonato do Mundo de 2014.

A formação para chegar onde está hoje começou de imediato, no ano de 1989. Ganhou o estatuto de árbitro internacional em 2006 e foi promovido ao grupo de elite da UEFA em 2009.

No jogo entre Brasil e Costa Rica, da segunda jornada do grupo E, foi visível a tensão entre Neymar e Kuipers (GABRIEL BOUYS/AFP/Getty Images)

O negócio milionário que patrocina uma das estrelas da Fórmula 1

Apesar da notoriedade que ganhou na arbitragem, Kuipers não descansa e trabalha para lá do mundo do futebol. Estudou Administração de Empresas e até 2014 era co-propietário de três supermercados da cadeira C1000, fundada em 1977 e que contava com mais de 500 estabelecimentos em todo o país até ser vendida. Dois dos espaços que o árbitro tinha foram comprados pela Albert Heijn. O outro passou para as mãos da Jumbo — um dos patrocinadores do piloto holandês de Fórmula 1 Max Verstappen, da Red Bull — mas Björn Kuipers continuou a ser co-proprietário do espaço. Estima-se que seja dono de uma fortuna de cerca de 13 milhões de euros.

Max Verstappen, piloto da Red Bull, é patrocinado pelo supermercado que tem o árbitro como co-proprietário (Photo by Mark Thompson/Getty Images)

Duas finais com equipas portuguesas e uma em Portugal

Desde que chegou à elite da UEFA, Kuipers já arbitrou cinco finais e as duas primeiras tiveram equipas portuguesas. A estreia aconteceu no dia 26 de agosto de 2011, quando o FC Porto, então vencedor da Liga Europa, jogou com o Barcelona para a Supertaça Europeia. Os dragões perderam por 2-0, com golos de Messi e Fàbregas.

A segunda foi em 2013, em Amesterdão, quando Benfica e Chelsea disputaram a final da Liga Europa. O jogo é de má memória para os encarnados, uma vez que depois de Torres ter adiantado os blues e Cardozo ter empatado de penálti, Ivanovic marcou o golo que derrotou o Benfica aos 90+3′. Nesse mesmo ano arbitrou a final da Taça das Confederações entre Brasil e Espanha, que a seleção canarinha venceu por 3-0.

A quarta final teve lugar em Portugal, em 2014. Aconteceu quando o Estádio da Luz recebeu a final da Liga dos Campeões entre Atlético de Madrid e Real Madrid, que os merengues ganharam por 4-1 depois de Sérgio Ramos ter empatado aos 90+3′, levando o jogo para prolongamento. A última final foi este ano, no jogo decisivo da Liga Europa entre Atlético de Madrid e Marselha.

Já esteve presente em dois Europeus (2012 e 2016) e dois Mundiais (2014 e 2018). Neste Campeonato do Mundo já arbitrou quatro jogos e pode ter a oportunidade de dirigir a sexta final da carreira no próximo dia 15 de julho.