O primeiro-ministro afirmou esta quarta-feira que o incêndio de Monchique, que dura há seis dias, é “a exceção que confirmou a regra do sucesso da operação [de combate aos incêndios] ao longo de todos os outros dias”. António Costa, que presidiu esta manhã à reunião da Proteção Civil, fez uma analogia para explicar a complexidade de Monchique: “A vela de um bolo de aniversário todos nós o apagamos com um sopro, mas quando a chama se alarga e os incêndios ganham uma escala com esta dimensão, não basta os sopros nem alguns dias de trabalho”. E avisou: “Ainda temos vários dias pela frente até o incêndio ser extinto.”

António Costa — que fez um balanço destes primeiros dias de combate aos incêndios — considerou positivo o facto de até ao momento “não haver nenhuma vida humana a lamentar”, existir “um número reduzido de feridos” e de ser “incerto o número de construções afetadas.” O primeiro-ministro diz ainda que os últimos dias provaram que “a prevenção vale a pena” e que “os dados são muito claros” quanto a isso. “A capacidade que o país tem hoje de prever as situações de risco foi demonstrada ao longo dos últimos dias (…) Das mais de 582 ignições só tivemos 16 incêndios, e, desses, só este ter concentrado a atenção quer da comunicação social, quer das autoridades, demonstra que o sistema respondeu“.

Costa alertou ainda que, nestas situações “há duas atitudes perigosas: em primeiro lugar, excesso de otimismo, que leva a desvalorizar o perigo; segundo, alarmismo, que leva as pessoas a tomar comportamentos que não são adequados”. Por isso, adverte o chefe de Governo: “Todos temos de ter muito cuidado na forma como é gerida a informação.”

O primeiro-ministro apelou ainda a que as populações sigam os apelos das autoridades, em particular no momento da evacuação das casas. “Gostaria de insistir muito junto de todos, que é essencial para a preservação da vida humana, para diminuirmos o risco de acidentes pessoais, que todos sigam as instruções das autoridades. Quando apelam à evacuação, as autoridades não estão a violar a Constituição nem a lei, estão a assegurar o maior bem mais precioso que existe, que é a vida”. E advertiu: “É irresponsável qualquer tipo de apelo para que as populações não sigam as recomendações das autoridade”.

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O chefe de Governo disse ainda que tem “consciência de que esta foi só a primeira prova de muitos dias, muitas semanas” de um “verão que começou tardio e de forma brutal” e que ninguém sabe “quando acabará”.

Sobre o incêndio de Monchique, Costa explica que este continua ativo porque tem “circunstâncias próprias, que têm a ver com o terreno”. Por isso, avisa: “Não vamos ter a ilusão que o incêndio será apagado nas próximas horas. Não será. As condiões vão ser adversas. Quer temperatura, quer do vento, quer da humidade.”

O primeiro-ministro relembrou que a prioridade continua a ser preservar vidas humanas, a vida dos seres vivos e as habitações.