A polícia turca dispersou este sábado uma manifestação de mães em Istambul, em memória de desaparecidos nos anos 1980 e 1990, reunião de protesto que se realiza semanalmente, e deteve quase 50 participantes.

Para dispersar a manifestação a polícia recorreu a canhões de água e a gás lacrimogéneo, segundo um fotojornalista da agência France-Presse.

Pelo menos 47 pessoas foram identificadas e encaminhadas para autocarros da polícia, segundo ‘media’ locais.

O advogado turco Efkan Bolac anunciou no Twitter que os detidos foram interrogados pela polícia e em seguida libertados.

Uma das dirigentes do movimento, Emine Ocak, octogenária, foi uma das pessoas detidas. A mulher já tinha sido detida uma outra vez, em 1997, dois anos depois do desaparecimento de um filho, que estava sob custódia policial.

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Todos os sábados, desde maio de 1995, as “Mães de sábado” (Cumatesi Anneleri em turco) juntam-se no centro da cidade de Istambul em memória de familiares desaparecidos durante um dos períodos mais tumultuosos da história da Turquia.

Nesse período estava no auge a rebelião do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) que exige a autonomia dos curdos no sudeste, conflito que fez dezenas de milhares de mortos desde 1984.

Comentando a dispersão do protesto de hoje, a diretora da organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch na Turquia, Emma Sinclair-Webb, criticou o “tratamento vergonhoso e cruel de famílias que exigem justiça para crimes cometidos pelo Estado”.

Segundo a polícia, a manifestação foi promovida nas redes sociais em contas ligadas ao PKK, ilegalizado no país, e não foi pedida autorização para o protesto.

As manifestações das “Mães de sábado” foram sistematicamente dispersadas pela polícia entre 1999 e 2009, mas a partir de então foram toleradas, embora rodeadas de um importante dispositivo policial.

A intervenção deste sábado é a primeira em vários anos.