A economia portuguesa cresceu 0,5% no segundo trimestre do ano, mais uma décima que o crescimento de 0,4% verificado no primeiro trimestre do ano, anunciou esta sexta-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE), confirmando assim a sua primeira estimativa divulgada a 14 de agosto. Em comparação com o mesmo período do ano passado, a economia cresceu 2,3%, acima dos 2,1% verificados no primeiro trimestre.

Segundo os dados do INE, a economia acelerou ligeiramente graças ao aumento do investimento total, que cresceu 4,7% contra 1,5% nos três primeiros meses do ano, já que o consumo privado se manteve inalterado e a procura externa líquida continuou a ser negativa para o crescimento económico na mesma proporção do que já havia sido no primeiro trimestre do ano, em 0,4 pontos percentuais do PIB.

Dentro do investimento total, quem deu o maior contributo para o crescimento foi a variação de existências — os inventários das empresas –, que depois de terem dado um contributo negativo par o investimento no primeiro trimestre na ordem dos 0,2 pontos percentuais, esse contributo foi agora positivo na ordem dos 0,6 pontos percentuais.

O investimento, medido pela Formação Bruta de Capital Fixo (FCBF), até cresceu a um ritmo inferior ao verificado entre janeiro e março, 1% contra 2,4% do primeiro trimestre.

Já o consumo privado estagnou face ao primeiro trimestre do ano, altura em que estava a crescer 0,8%, apesar de haver um aumento das despesas com bens duradouros na ordem dos 4,7% e uma diminuição das despesas com bens não duradouros e serviços.

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O INE explica que, em termos homólogos, o consumo privado está a aumentar na ótica do território, o que quer dizer que o consumo tem um aumento mais intenso em Portugal do que no consumo feito pelos residentes, devido naturalmente às despesas de consumo mais intensas dos turistas.

Economia cresce 2,3% devido à compra de automóveis

Em comparação com o que verificado no segundo trimestre do ano passado, a economia portuguesa cresceu 2,3%, mais que os 2,1% verificados no primeiro trimestre, devido essencialmente ao crescimento do consumo privado, que acelerou de 2,1% no primeiro trimestre para 2,6% no segundo trimestre do ano.

Este aumento ficou a dever-se, segundo o INE, a um aumento mais pronunciado das despesas das famílias com bens duradouros, cujo aumento passou de 2,6% para 8,8% no segundo trimestre do ano, “devido em larga medida ao aumento verificado na componente automóvel”. As despesas com bens não duradouros e serviços também cresceram, mas a um ritmo ligeiramente inferior ao verificado no primeiro trimestre do ano (1,9% contra 2% do trimestre anterior).

Em termos homólogos, o investimento cresceu menos no segundo trimestre do ano e a procura externa líquida deu um contributo menos negativo para o crescimento da economia.

Economia criou 16,9 mil empregos no segundo trimestre

Segundo o INE, a economia portuguesa está a criar emprego há 16 trimestres consecutivos, ou seja, há três anos e meio. A última vez que a economia destruiu emprego foi no último trimestre de 2014.

No segundo trimestre deste ano, a economia criou 16,9 mil empregos — dados ajustados de sazonalidade –, o ritmo mais baixo desde o primeiro trimestre completo com o atual Governo entrou em funções, os primeiros três meses de 2016. Desde então, a economia criou 285,5 mil empregos, ou um timo de 28,5 mil empregos a cada três meses.

Governo diz que economia continua a convergir com a Europa

Em comunicado, o Ministério das Finanças destaca que o crescimento da economia portuguesa foi ligeiramente superior ao da União Europeia e da zona euro “permitindo a Portugal prosseguir a tendência de convergência com a União Europeia” e que se trata do “décimo sétimo trimestre consecutivo de crescimento da economia portuguesa, num quadro de maior equilíbrio macroeconómico interno e externo e de consolidação fiscal”.

“Este cenário é o melhor garante de resiliência da economia portuguesa face às exigências macroeconómicas e de provisão sustentável de serviços públicos”, diz o gabinete de Mário Centeno em comunicado.

O Governo destaca ainda o crescimento do investimento e das exportações de bens e serviços e a “forte” criação de emprego, neste último caso um elemento fundamental para o aumento das receitas fiscais e contributivas que têm dado um contributo fundamental para a consolidação orçamental.