A nova política de reutilização de manuais escolares traduz-se em 110 mil livros e numa poupança de 1,2 milhões de euros. Desde que, em 2006, a secretária de Estado Adjunta e da Educação, Alexandra Leitão, luta pela nova política, “45 mil crianças do 1.º ciclo têm pelo menos um manual reutilizado”. Os dados são avançados pelo Público, na sua edição de quarta-feira.

Os números apontam para que 25% das escolas públicas não faça a reutilização dos manuais escolares oferecidos pelo Governo no ano passado, embora a secretária de Estado Adjunta sublinhe o impacto positivo da nova política ao afirmar que “são uma evolução importante face ao ano passado e face aos anos em que ainda não há gratuitidade” na sua obtenção.

Feito o balanço, no 3.º e 4.º anos do ensino básico há o dobro de livros reutilizados quando comparados com os do 1.º e 2.º. Alexandra Leitão acredita que, sendo os alunos maiores, a sua capacidade para cuidar bem dos livros é também maior, sendo que no 3.º e 4.º anos, 20% das crianças têm pelo menos um livro reutilizado. “Não sendo excelente, é animador”, afirma.

Relativamente à distribuição das taxas de reutilização por escola, o Governo conclui que o empenho das escolas é decisivo, havendo, porém, algumas discrepâncias: nos cerca de 800 agrupamentos escolares de Portugal, há escolas que apresentam taxas de reutilização de 30%, 40% e 70% e outras de 0% – o que faz baixar muito a média nacional.

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Olhando para o panorama, o destaque vai para escolas como a Escola Básica José Ruy, na Reboleira, Amadora, que fez 70% de reutilização no 1.º ciclo; a Escola Básica n.º4, em Camarate, Loures, fez 20%; a Escola Básica São João de Deus, em Lisboa, fez 25%; e a Escola Básica de Seixo Alvo, em Vila Nova de Gaia, apresenta 22% de reutilização.

O esforço para a sustentabilidade orçamental da nova política de reutilização pode passar pela criação de uma nova mentalidade, segundo Alexandra Leitão, onde os livros poderão passar “de mão em mão no fim do ano e no dia-a-dia ficam na escola”, uma vez que os alunos não têm de escrever nos manuais porque fazem os trabalhos nos livros de fichas, contribuindo para a sua perpetuação e para o respeito pelo ambiente.

Alexandra Leitão sublinha ainda: “As escolas têm que empenhar-se e os pais não devem usar os vouchers quando têm livros usados dos irmãos mais velhos só porque ‘é o Estado que dá’ e arrisca a previsão de que, para o ano, possa dizer que “de 10% de reutilização passámos para 20% ou 30% e que no 5.º e 6.º anos passámos para 80% de reutilização.”

A nova política “alivia as escolas, alivia os pais, permite às pequenas livrarias reentrarem no mercado dos manuais e é um sistema descentralizado”, de acordo com Alexandra Leitão; no entanto, “a divulgação devia ter sido feita mais cedo pelo Governo e ainda falta literacia digital”, reitera.