As duas faixas BUS reservadas a transportes públicos da Avenida da Liberdade, em Lisboa, continuam esta sexta-feira, pelo terceiro dia consecutivo, preenchidas com táxis em protesto contra a entrada em vigor da lei que regula as plataformas eletrónicas de transporte de passageiros. As associações representativas do setor apelaram esta sexta-feira aos profissionais de todo o país, que não estão em Lisboa, no Porto ou em Faro, a juntarem-se às manifestações que decorrem nestas cidades desde quarta-feira.

“Juntem-se a nós” e “tragam as famílias”

“Eu gostaria de aproveitar aqui este momento para pedir a todos os táxis do país que estão fora das cidades onde nós estamos concentrados, que no fim de semana se juntem a nós”, disse Florêncio Almeida, presidente da Associação Nacional de Transportadoras Rodoviárias em Automóveis Ligeiros (ANTRAL), depois de saber que o PCP entregou uma proposta de revogação da lei das plataformas eletrónicas no parlamento.

Numa comunicação aos taxistas que estão concentrados na Praça dos Restauradores, em Lisboa, há já três dias, o dirigente apelou também aos colegas que “tragam as famílias”.

“Porque eu compreendo, e todos temos de compreender, que nas aldeias o sistema do táxi não é igual ao das grandes cidades, eles têm clientes que são doentes, que têm hemodiálise, que têm muitos serviços que têm de ser prestados, e não se podem deslocar” às cidades onde decorrem as concentrações, apontou Florêncio Almeida.

Ao lado de Carlos Ramos, presidente da Federação Portuguesa do Táxi (FPT), o dirigente da ANTRAL considerou que “no fim de semana esses serviços não existem”, e por isso, será “de todo possível eles deslocarem-se a Lisboa” para apoiar o protesto.

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O terceiro dia de protesto

Cerca das 7h30, a maior parte das viaturas estacionadas ao longo da Avenida da Liberdade estão vazias e muitas delas têm na janela bandeiras vermelhas e brancas com a inscrição “Somos Táxi”. Os taxistas prosseguem esta sexta-feira em Lisboa, no Porto e em Faro uma jornada de luta iniciada às 5 horas de quarta-feira para travar a lei que regulamenta as plataformas eletrónicas de transporte de passageiros, como a Uber, Taxify, Cabify e Chauffeur Privé, que entra em vigor a 1 de novembro.

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Depois de um protesto ordeiro, na quarta-feira, que parou cerca de 1.500 carros naquelas cidades, as pretensões dos taxistas não foram atendidas pelos grupos parlamentares, pelo que as associações representativas do setor decidiram manter o protesto até o Governo mostrar que quer negociar.

O presidente da Federação Portuguesa do Táxi, Carlos Ramos, estimou que na quinta-feira o protesto contou com 270 táxis parados em Faro, 400 no Porto e cerca de 1.400 em Lisboa.

Já o presidente da Associação Nacional de Transportadores Rodoviários em Automóveis Ligeiros (ANTRAL), Florêncio Almeida, reiterou que a concentração é para manter até que o Governo assegure negociar medidas que garantam a sobrevivência do setor do táxi face à concorrência das plataformas eletrónicas de transporte.

O dirigente disse à Lusa que as organizações representativas dos táxis preferem que o Governo designe “um interlocutor com credibilidade”, para dialogar com o setor, por não confiar no Ministério do Ambiente.

“Não gostaria de ser recebido pelo senhor ministro ou pelo senhor secretário de Estado” porque “são pessoas que não merecem confiança”, disse.

“Todas as vezes que reunimos com eles, fomos sempre enganados”, afirmou Florêncio Almeida, referindo-se ao ministro João Matos Fernandes e ao secretário de Estado José Mendes, que tutelam os transportes urbanos. Os taxistas admitem permanecer na rua até à próxima segunda-feira, dia em que serão recebidos na Presidência da República.

Ao final da manhã desta sexta-feira, o presidente da ANTRAL afirmou que o número de Táxis parados têm sido “positivo”: entre 1.300 a 1500 em Lisboa, 470 no Porto e 350 em Faro.

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A disponibilidade para receber os representantes do setor do táxi foi transmitida quinta-feira de manhã pelo Presidente da República, quando questionado pelos jornalistas sobre o protesto dos taxistas, à saída de uma conferência internacional sobre oceanos, que decorreu em Lisboa.

No entanto, Marcelo Rebelo de Sousa ressalvou que a questão está “nas mãos da Assembleia da República” e disse aguardar a posição dos partidos e do Governo, depois de ter “havido manifestação de vontade de alguns grupos parlamentares em reverem, repensarem ou reajustarem a lei ou de a completarem”, salientando que “a nova lei dos táxis ficou de ser completada” com a entrada em vigor da legislação sobre as plataformas eletrónicas.