Os construtores tradicionais de automóveis andam um pouco ‘às aranhas’ no que concerne aos veículos eléctricos e às tecnologias que os podem tornar mais baratos, mas também mais eficientes, mais potentes e com mais autonomia. Para recuperar o atraso, devido ao facto de terem começado a investir mais tarde neste domínio, aproveitam sempre que possível para adquirir empresas que consideram mais avançadas em áreas específicas. Ou, caso isso seja impossível, compram uma pequena participação, na esperança de poderem vir a trabalhar em conjunto e assim usufruir do potencial tecnológico de que necessitam, mas que ainda não possuem.

Exemplos não faltam, mas concentremo-nos em dois dos mais recentes. Para começar, o do Grupo Volkswagen que, através da Porsche, adquiriu uma fatia de 10% da Rimac, a empresa croata que possui o mais sofisticado e potente superdesportivo eléctrico do mercado, o C_Two, tentando agora negociar uma colaboração que lhes permita elevar a fasquia dos seus desportivos eléctricos que, a avaliar pelo que se conhece do Taycan, está a anos-luz dos melhores do mercado.

Outro exemplo chega-nos agora da Mercedes, que aproveitou a necessidade de capital da Proterra, para integrar um grupo de investidores (juntamente com a Tao Capital Partners e a G2VP) que colocou na empresa americana 155 milhões de dólares. A Proterra é, de longe, a referência e o mais avançado fabricante de autocarros eléctricos, produzindo veículos entre 11 e 12 metros. Começou em 2004 com veículos de transporte colectivos com combustíveis alternativos, sobretudo a gás, mas desde há muito que se especializou em soluções eléctricas alimentadas por bateria, tendo comercializado mais de 400 autocarros municipais.

Sempre que se fala de veículos pesados eléctricos a bateria, vem à memória o Semi da Tesla, mas se este tractor promete e está em avançado estádio de desenvolvimento, os autocarros da Proterra já servem o público há muito e sempre com um potencial tecnológico cada vez maior. Basta recordar que uma versão do Proterra recentemente cumpriu 1.100 milhas (cerca de 1.770 km) com uma só carga de bateria.

Segundo Ryan Popple, CEO da Proterra, os autocarros eléctricos já são hoje mais baratos do que os congéneres a gás natural ou a gasóleo e deverão dominar o mercado dentro de 10 anos. Para a Mercedes, esta aproximação à empresa americana visa melhorar os camiões da marca alemã, cujo melhor camião eléctrico (eCascadia) anuncia uma autonomia de 400 km, longe pois dos quase 1.000 km do Semi da Tesla. E daí que já tenha sido assinado um acordo para “explorar a electrificação de alguns veículos pesados da Daimler”, de acordo com o comunicado do grupo alemão.

Os fundos agora reunidos pela Proterra vão servir à empresa americana para incrementar a produção, tanto na sua fábrica em Greeville, na Carolina do Sul, e nas suas segundas instalações fabris, próximo de Los Angeles, na Califórnia, onde circulam a maioria dos seus autocarros. Entretanto a Proterra contratou Josh Ensign, o antigo vice-presidente do Planeamento da Tesla, que foi despedido pelo fabricante de automóveis eléctricos no seguimento das dificuldades com a linha de montagem do Model 3.

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